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2019/03/03

Um pessegueiro encantado por um canário




   (fundo preto: alcatrão da minha rua. Foto tirada de cima do telhado da casa)


sou aquele pessegueiro
que  num quintal mora
nos Lourais

até agora
só pouso de pardais

a doença e a melancolia
que me têm apoquentado
desde que aqui fui plantado
longos anos já passados
não me têm permitido
criar pêssegos
como está determinado
que assim deva suceder

e pergunto
se há algo de errado
comigo

reparem na minha floração

será que este ano 
eu vou dar pêssegos ?


aDa
pp do pessegueiro

2019/03/01

e nós enquanto somos







imagens envolventes
lonjuras que nos prendem
caminhos e árvores
e silhuetas dos montes
sugerem-nos paragens
muito para além 
do nosso olhar
e nós
enquanto somos

.
adalmeidanunes
27-02-2019

2019/02/25

O horizonte em pantufas






o horizonte em pantufas
de permeio uma flor 
que desponta
sozinha no mato
completamente descontraída
a sorrir contente
à espera que eu carregue
no obturador da máquina

as coisas belas
que saltam para o mundo
e que nós recordamos
num momento

enquanto a terra continua a girar

adalmeidanunes
jan19

Ao meu mestre

Comentário que deixei no blogue de Carlos Lopes Pires


Hoje é domingo
consegui dormir
até ser acordado
primeiro pelo sol
logo depois pelo meu gato

os gatos são
talvez
os maiores psicólogos do universo

por isso hoje
o meu gato
deixou-me dormir até ao sol

durante o dia
foi ter comigo ao quintal
algumas vezes
e olhou-me no suor

voltou para casa
silencioso e dolente
enroscou-se ao calor do sol...

à espera 
que o cansaço 
me vencesse…

adalmeidanunes
24fev201
9

2019/02/17

Olhai e ouçam


Por alturas da publicação dum vídeo com pinturas, poema e música
de Salanga, Carlos Lopes Pires e Pedro Jordão.  (*)

Olhai e ouçam

ouçam a música de piano
que da inspiração do mundo
e da inteligência
dum monge da nossa irmandade
surtiu com tanto esplendor

e a poesia de outro irmão
tudo junto e harmonizado
louvemos o resultado
de todo este labor irmanado

sem esquecer outro irmão
que não sendo monge
da nossa congregação
reparem que da sua mão
também brota santidade

olhai os fragmentos do átomo
e o resultado do seu movimento
perpétuo...


a DA
11fev19-Lourais-Barreira


(*) https://www.facebook.com/613447628761736/videos/2277315232591224/?t=13

ou https://youtu.be/S5Ww_wDYSXY

A Ema, impávida e serena







A Ema
impávida e serena
---
Os teus olhos são cor de mel
Cândidos 
Doces
Como já dizia Lucrécio
O teu olhar
Tem átomos de fogo
Que veem no escuro
Porque eles próprios são luz
Mas também és sombra
Que nos segue
Para todo o lado
E nos faz companhia
pela noite dentro
e até durante o dia

aDa
17FEV19

Mais um treze de fevereiro






Mais um treze de fevereiro


parece-me estar
numa roleta russa
o pensamento flui
num rio incerto 
ora envolto em nevoeiro
ora serpenteando
ao sabor da orografia do terreno
inevitavelmente
com o mar na mira
mas nunca como alvo final
e o tempo vai e vem
com o pensamento
a tentar driblar a memória
sem sucesso
mais um 13 de fevereiro começa
e já são muitos muitos
mas podem vir mais
.............................

a DA
13Fev19

A janela daquele quarto





a janela daquele quarto

a janela do meu quarto
corriam os anos sessenta
já do século próximo passado
hoje reparei nela
ei-la que está em recuperação
tão inanimada que estava
meio século.
sobreviventes daqueles anos
mágicos
míticos
esta passagem do tempo
mais ou menos longa
tudo nos vai subtrair
há que usufruir da vida
livrar a mente do medo
aDA
16fev19-Leiria

2019/02/06

n+1 o dia nasceu cheio




O dia nasceu cheio
de cor e sombras
muitas sombras
culpa do sol

as poli-oliveiras
do meu vizinho
lá estão
expectantes
seguindo sem descanso
o movimento
do sol da chuva do vento
e dos pássaros

enquanto isso
os cientistas
espantam-se
a nossa galáxia
está diferente

coisa incrível e nunca vista

oh e nós
confusos
perplexos

em constantes
cá se vai indo


a DA
6jan19

2019/01/31

Bálsamo




é um bálsamo
ler poemas
que nos dizem muito
sabendo nós
contudo
que muito mais haverá a dizer

e é esta sensação indizível
que nos obriga a pensar
que o que nós somos
não sabemos

o que saber
o que fazer
para conseguirmos
entender
o quê e quem somos

não sabemos

saberemos ¿¡


a DA
jan19


(Talvez se possa melhor entender o que se passa consultando https://cmlopires.blogspot.com/  )

Interrogações



Interrogações interrogações

Olho o tempo que faz
e o que não vejo
deixa-me
cada dia que passa
mais perplexo.

Deus do Universo
quem és Tu
que não te consigo ver¿

Diz-se
que Tu e o Universo
se sobrepõem
com rigor cósmico

E nós¿
O ambiente natural
e todos os seres humanos

como nos harmonizamos¿

a DA
jan19 a findar

- O Grupo dos 4=CINCO tem sido uma fonte inspiradora para a forma como venho reaprendendo a Poesia.
Aquelas trocas de ´e-mails` e os muitos livros lançados - particularmente os da poesia de Carlos Lopes Pires - têm-me motivado sobremaneira no modo de encarar a Poesia, Deus e/ou o Universo. Obrigado, amigos.

2019/01/15

Será que ainda haverá um dia em que darei à estampa um livro de poesia?


Antes de mais. O que entendo por Poesia? O que é que cada um de nós entende que deve ser invocado como sendo poesia, no sentido de usar palavras para transmitir algo que nos toca no mais íntimo do que julgamos ser? 
Será impossível estabelecer normas para se escrever Poesia? 
Ou a Poesia é algo que não se define, que se transmite pelas mais inesperadas e inusitadas formas?! 
Que Poesia é tentar pensar o universo, cada um de nós como sendo o próprio universo, como fazendo parte do Todo pressentindo que não é Nada?!

-

O frio da memória

Inverno de gelo
A madrugada apressa-se
a entrar pelo dia
O frio lá fora

Invoco a memória
Porquê para quê
Não sei

A madrugada lá vai
Num percurso sinuoso
Cheio de apelos
A memórias de tantas coisas

Tempos dobados
em instantâneos difusos

O tempo continua a correr

Para onde
Por que caminho
Não sei

É melhor assim

Talvez amanhã seja outro dia

a DA
14jan18  - 4 horas
Lourais - Barreira - Leiria

2019/01/11




o sol irradia vida
em luz embrulhada em frio

correm dias de pensar
divagações intermináveis
interrogações 
interrogações

e ouvem-se sons
vozes canções
lançadas no cosmos
por quem       como

continuamos sem saber 

continuamos à deriva
sem rumo 
o azul do infinito
sem uma referência definida

quanto mais longe 
julgamos ser
mais longe estamos

antónio nunes

aDA - 9jan19

---
(em jeito de conversa de amigos. Carlos Lopes Pires tinha escrito e enviado a alguns amigos um poema por alturas do 4º aniversário da morte de sua mãe)

Uma fatia do tempo




uma fatia do tempo
do calendário planetário
e doutro muito mais além

um peregrino
só com o mundo.
o seu só
que não é só dele

e que partilha
com quem talvez
o possa ajudar a mitigar
alguma ausência ...

Fátima, 29dez2018
a DA


2019/01/02

Possivelmente




possivelmente



tempos de solstício de inverno
dias quedos e ledos
que possivelmente estão a contrariar
uma possível ordem cósmica

possivelmente
estamos em mudança

em vias de nos transformarmos
em algo que só se pressente
quando conseguimos
boiar na corrente 
que continuamente nos transporta
para sítios inimagináveis
mas que talvez estejam  

e que só quando lá estivermos
possivelmente encontraremos
tudo o que julgávamos perdido

possivelmente

a DA
31dez2018
-
Caros amigos, que esta passagem para o calendário de mais um ano,
vos seja muito favorável.
(ensaio dum comentário/resposta a um poema de Carlos Lopes Pires
por altura da passagem de ano de 2018/19. Troca de correspondência por emeile)

2018/12/28

Oa amigos e eu em transe





Os amigos escrevem coisas
De encantar os nossos sentidos
Em tempo de sugestão
De Paz e sossego

Quiçá entrecortado
Por inefável música planetária
Que acabamos de escutar
Em transe

É que Deus está em transe
E com ele parece que o homem
Também

Recuperado da respiração
Sempre quero agradecer
Os bons augúrios dos amigos

A estação está a receber
100x100
E responde com olás

Uma luz amovível
Por alguém
Pelo poder vindo de além
Onde?! Quem?!
Chama por nós
Incessantemente

Nós é que não a conseguimos ver
Por detrás da sua mancha escura

Façamos  esse esforço
Deus não nos pode odiar
Sim ou Não?!

a d'Almeida
19dezembro2018
(original por email para amigos da irmandade X)

2018/12/23

ÀS vezes também chove



Às vezes também chove


A chuva aí tem andado
a fazer côrregos rápidos
nas valetas da minha rua
e com ela levando as bolotas
que aqueles dois sobreiros
vizinhos de baixo
vão largando ao seu destino

o negro em cinzento das nuvens
predomina na paisagem
e remete-nos para o negrume
das vidas sem norte

que sorte, que sorte
o homem e a sua desumanidade

afinal seremos mesmo uma parte do Caos ¿¡

A DAlmeida
Dez18(antes do Natal)


2018/12/22

Poesia sobre desenhos da Alice

A ninha neta Alice, 5 anos, veio mostrar-me os desenhos da gata Ema e da cadelita Tina.
Estão muito lindos. Disse eu.
E estão.
Digo.










Serão horas de dormir
Interrompi a leitura de umas coisas
do poeta Ron Padgett.


Afinal há coincidências.

Estava a ler
"Os animais e a arte".


Veio-me à ideia de que há dias
fotografei dois ensaios pictóricos
da minha neta mais nova
cinco anos, a Alice.


Mostrou-mos e perguntou:
Qual é o mais bonito?

Tratava-se duma cadelita e uma gata:
A Tina e a Ema
muito queridos entre a família.

Respondi-lhe: cada um à sua maneira
estão os dois muito bonitos.

Trocámos muitos beijinhos
e sorrisos.

É Natal.

2018/12/17

Bolotas da minha rua


Bolotas da minha rua

O passeio da minha rua
coberto de bolotas 

Aquele sobreiro 
virado a nascente
altaneiro 

Mais abaixo 
o rio Lis
serpenteante

Quatro horas da madrugada
noite desassossegada

Que somos nós
senão o movimento
de partículas ínfimas
do universo!?

Para lá do tempo
parece que ainda aqui os sinto

Ouço o tissitar
dos estorninhos
alinhados nos fios eléctricos
enquanto a tarde 
vai mudando as cores do dia

Algum sossego
finalmente

A vida a correr 


.
Vou dormir, que estou cansado, adoentado, já passou...
por ora  ...

(um comentário que deixei algures num blogue ou num e-mail do «Grupo dos Quatro=5»).

2018/11/18

Uma flor ao longe




Uma flor ao longe


Nas minhas deambulações etéreas
sintonizei uma emissão
cuja origem
só pode ser um mundo diferente
dos muitos em que nós outros
julgamos acreditar

e que alguns de nós
até olhamos e dizemos que gostamos do que vemos

só que não conseguimos descortinar
o caminho
rumo a algo que sentimos inalcançável

Demais sabemos que há outros mundos
que nos parecem cada vez mais distantes
à medida que reparamos neles

mas que talvez estejam
à mão duma simples flor
duma maçã acabada de colher
das pedras do caminho
dos detalhes do meu quintal

duma gota de chuva
nas areias do deserto
ou no fogo

redemoinhado pelo vento

nada será em vão

a DAlmeida
(comentário que deixei no blog de Carlos Pires)