Realizou-se no dia 18 de Setembro de 2010, no Arquivo Distrital de Leiria, sob a coordenação do CEPAE e do Arquivo, um colóquio evocativo do II Centenário do Nascimento de Alexandre Herculano.
Legenda da composição fotográfica:
- Busto de Alexandre Herculano cinzelado em 1910, por alturas do I Centenário comemorado em Leiria e à guarda do Arquivo Distrital. Em muito bom estado de conservação;
- Acácio de Sousa, Director do Arquivo Distrital;
- Carlos Fernandes, jornalista, agrónomo, escritor, grande impulsionador de manifestações culturais em Leiria;
- Aspecto parcial da mesa do Colóquio, vendo-se o Dr. Joaquim Ruivo, Presidente da Direcção do CEPAE, Prof. Dr. Guilherme d´Oliveira Martins, Director do Instituto Nacional da Cultura e Presidente do Tribunal de Contas e Prof. Dr. Saul Gomes, Catedrático da Universidade de Coimbra, grande dinamizador do levantamento histórico de toda a região da Alta Estremadura;
- Adélio Amaro, editor, jornalista, Presidente da Fundação da Associação Cultural Açores-Leiria;
- Amélia Pais, professora reformada, escritora.
Abriram os trabalhos os Presidentes da Câmara Municipal de Leiria e a Presidente da Junta de Freguesia.
Como não podia deixar de ser, o orador convidado e presidente do Colóquio foi o Prof. Dr. Guilherme d´Oliveira Martins.
Tópicos do que registei da excelente dissertação de Oliveira Martins (Não confundir com o grande historiador com o mesmo nome, ainda que o actual seja seu descendente):
- A História de Portugal, de Alexandre Herculano, abrange um período de 200 anos, não mais, mas é o primeiro trabalho metódico e muito rigoroso, que foi levado a cabo na área especificamente da História cronológica de Portugal. Este trabalho abrange o período desde o Nascimento da Nacionalidade até ao reinado de D. Afonso III e é baseado directamente na fonte da informação documental, pelo que se assume com a devida e justa primazia na área do estudo da História de Portugal.
O próprio Oliveira Martins, que escreveu uma História completa de Portugal, serviu-se, quase literalmente, deste esforço pioneiro de Alexandre Herculano, para alicerçar o seu brilhante estudo, ainda hoje um dos pilares da moderna Historiografia.
- Não podemos reflectir sobre Portugal sem lembrarmos Alexandre Herculano.
- Alexandre Herculano é um símbolo de honradez, cidadania e estudo das fontes das origens do Povo.
- Alexandre Herculano apoiou os revolucionários Liberais, activamente, acompanhando-os na sua campanha militar, fazendo parte do grupo que desembarcou no Mindelo.
- Foi um defensor acérrimo do Parlamentarismo, sendo-lhe atribuído o conceito de "Que o País seja governado pelo País".
- Foi com Alexandre Herculano que o Movimento regenerativo se impôs em Portugal, após a vitória Liberal capitaneada por D. Pedro IV. De qualquer modo recusou-se a fazer parte do I Governo saído desse movimento.
- O Código Civil de 1867 foi revisto, conceptual e ortograficamente, por Alexandre Herculano, que nele inseriu a figura do casamento civil, o que lhe acarretou graves desavenças com a Igreja Católica.
- Desenvolveu a concepção de Municipalismo, tendo sintetizado esta ideia numa célebre frase: "somos porque queremos".
- Um dos seus mais sublimes livros de referência é "A Voz do Profeta".
- Na narrativa "O Pároco da Aldeia" conseguiu transmitir aos seus leitores a ideia de que se pode viver na maior das Espiritualidades, mas que são de recusar todas as superstições que se lhe possam ser associadas.
- No que respeita às suas ligações íntimas com o jornalismo há que realçar a célebre "Lei das rolhas" com a qual se pretendeu limitar a escrita exacerbada contra o Governo de Costa Cabral.
(...)
Muito mais foi dito pelo próprio Oliveira Martins.
-
Os restantes oradores focaram as vertentes na área da intervenção literária (Dra. Amélia Reis), na da Agricultura (Engº Carlos Fernandes), e na do Jornalismo (Dr. Adélio Amaro).
Dada a extensão dos trabalhos que foram preparados para efeitos deste colóquio e que aqui só foram aflorados, o Dr. Joaquim Ruivo do CEPAE comunicou que estas intervenções e as conclusões do Colóquio serão proximamente passadas a livro.
-
(mais sobre Alexandre Herculano - síntese)