Há uns tempos atrás tirei algumas fotografias das actuais edificações ainda em pé, da muito referenciada Quinta de S. Sebastião, na estrada entre o limite da freguesia da Barreira e os lugares de Garruchas e Celeiro, logo a seguir aos lugares de Andreus e Palheirinhos (Barreira-Leiria).
Há muito que é conhecida a ligação da história deste local com a mítica Collipo, uma importante urbe Romana, da qual foram recolhidos alguns vestígios, o mais significativo dos quais será a estátua dum magistrado Romano encontrado nos anos 60 (agora à guarda do MCCB- Museu da Comunidade Concelhia da Batalha, recentemente inaugurado). E muitos outros, constituídos por moedas antigas, sabe-se lá do paradeiro da maior parte delas, lajes com inscrições, algumas que foram utilizadas na construção do Castelo de Leiria (1) e, segundo se consta, noutras edificações das redondezas e até simples muros. Julga-se que muitos outros vestígios terão ficado soterrados para sempre já que a estação arqueológica que ali funcionou se encontra completamente desmantelada. Segundo registos antigos, já no ano de 1142 (primeiro foral de Leiria, concedido por D. Afonso Henriques, em 1.5.1142), se fazia referência a um Palácio Randulfo, que tudo indicia, estivesse localizado, precisamente, nesta mesma referência geográfica.
A áurea de mistério em que ainda se encontra envolta a origem da Quinta de S. Sebastião, merecia um estudo mais aprofundado e da mais alta resolução.
Uma das melhores e mais actuais vias para se obter informações sobre esta Quinta há-de ser o livro "Villa Portela" (2) no qual se pormenoriza, no seu capítulo 3 - Os Henriques d´Azevedo, a forma como esta quinta se encontra intimamente ligada a várias famílias das mais ilustres e representativas de toda a zona de Leiria.
Nesta obra fica-se com a informação de que Manuel Henriques, que nasceu em casal do Freixo (depois Quinta de S. Sebastião) é o parente comum de várias famílias de Leiria, como os Lopes Vieira, os Veríssimo de Azevedo, os Charters d´Azevedo, os Carreira e, por sucessão, de todos os Henriques d´Azevedo.
O local, aqui revisitado, no cimo da colina, com o tempo referenciada com o nome de S. Sebastião, onde hoje ainda existem algumas edificações habitadas, começou por ser Collipo.
O topónimo deste sítio passou, de acordo com o foral de 1142 e uma inquirição(3) de 1233, a ficar para a história, como Randulfo.
O topónimo «S. Sebastião do Freixo» teve origem na existência, no sítio de «Casal do Freixo» (antigo Palácio Randulfo), duma ermida em honra de S. Sebastião (que tinha boa renda, sendo que esta era recebida pela Fábrica da Sé de Leiria, segundo as célebres "Memórias Paroquiais" da Batalha, de 1758).
Será oportuno deixar aqui um apontamento sobre o 1º Visconde de S. Sebastião(4), José Maria Henriques d´Azevedo, a quem pertenceu, por herança, a já citada Quinta de S. Sebastião.
Este título foi-lhe atribuído por mercê de D. Luís I, em 8 de Agosto de 1872.
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notas:
(
1) ler "
Introdução à história do Castelo de Leiria" de Saul Gomes.
(
2) ler "
Villa Portela", Ricardo Charters d´Azevedo, ed. Gradiva 2007, pág. 73 e seguintes.
(
3) Esta inquirição de 1233 refere a existência de uma propriedade da Coroa na região de Leiria, situada em «Palácio Randulfo», sensivelmente onde é hoje S. Sebastião do Freixo.
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4)
a) Existe em Leiria, em sua homenagem, a
Rua 1º Visconde de S. Sebastião, que liga a actual Av. das Comunidades até ao entroncamento com a Av D. José Alves Correia da Silva;
b) Era proprietário de diversas propriedades nos arredores de Leiria. Destacam-se a
Quinta de Vale de Lobos, localizada na actual Estrada das Cortes, do outro lado a Quinta de S. Venâncio e a
Quinta do Lagar de El-Rei, em cujos terrenos se encontram hoje instalados a Prisão-Escola de Leiria, A ESEL- Escola Superior de educação de Leiria e o IPL - Instituto Politécnico de Leiria.
(p. 83 do livro "Villa Portela" já referido em (2))