Estava distraído a observar a "Riscas", atenta aos nossos movimentos, naquele recanto do jardim onde tem os seus filhotes.
Olhei na direcção da Cerejeira, há já uns dias, talvez uma semana, que não a mirava. Apresentou-se com os seus frutos, já a encherem-se de cor, ruborizados talvez pela minha surpresa.
Já?!...
Em Fevereiro, talvez, fui apreciar uma exposição de desenhos de Carmo Pólvora, nas antigas instalações do Banco de Portugal, em Leiria. Fiquei a saber que esta ilustre Leiriense tem desenhos seus a ilustrar o livro de Poesia "Cerejas - Poemas de Amor - de autores portugueses contemporâneos", Ed. Tágide e da Câmara Municipal do Fundão, 2004.
-
A cereja
A cereja começou por uma flor
branca e singela
.... (talvez tenha começado um mês antes,
.... num dia em que o cerdeiro surpreendeu
.... na sua própria carne mil ânsias e tremores
.... de renascer...
...................... Isto foi
.... na primavera, antes de o sol ser rei.)
...
Fez-se maior: um fruto claro,
pequeno planeta límpido e sereno.
Rosado
e logo após rubro, da sede de entregar-se,
piscou o olho aos estorninhos,
aos tentilhões.
...
Está só. Encarquilhada, unútil,
recusada de melros e pardais,
a cereja lentamente se enrola sobre si
e morre.
assim poetiza A.M. Pires Cabral
a contar a vida possível duma cereja, daquelas mais difíceis de colher, escondidas dos olhares, provavelmente.
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http://dispersamente.blogspot.com/search/label/cerejeiras (pode-se acompanhar a saga duma cerejeira desde o princípio deste ano).
@as-nunes
Olhei na direcção da Cerejeira, há já uns dias, talvez uma semana, que não a mirava. Apresentou-se com os seus frutos, já a encherem-se de cor, ruborizados talvez pela minha surpresa.
Já?!...
Em Fevereiro, talvez, fui apreciar uma exposição de desenhos de Carmo Pólvora, nas antigas instalações do Banco de Portugal, em Leiria. Fiquei a saber que esta ilustre Leiriense tem desenhos seus a ilustrar o livro de Poesia "Cerejas - Poemas de Amor - de autores portugueses contemporâneos", Ed. Tágide e da Câmara Municipal do Fundão, 2004.
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A cereja
A cereja começou por uma flor
branca e singela
.... (talvez tenha começado um mês antes,
.... num dia em que o cerdeiro surpreendeu
.... na sua própria carne mil ânsias e tremores
.... de renascer...
...................... Isto foi
.... na primavera, antes de o sol ser rei.)
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Fez-se maior: um fruto claro,
pequeno planeta límpido e sereno.
Rosado
e logo após rubro, da sede de entregar-se,
piscou o olho aos estorninhos,
aos tentilhões.
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Está só. Encarquilhada, unútil,
recusada de melros e pardais,
a cereja lentamente se enrola sobre si
e morre.
assim poetiza A.M. Pires Cabral
a contar a vida possível duma cereja, daquelas mais difíceis de colher, escondidas dos olhares, provavelmente.
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http://dispersamente.blogspot.com/search/label/cerejeiras (pode-se acompanhar a saga duma cerejeira desde o princípio deste ano).
@as-nunes