2011/03/04

LEIRIA a arder...evocação dos 200 anos da 3ª Invasão Francesa



Uma conclusão e um repto lançados por Carlos Fernandes:                                  


Há, pois, um tempo antes e um tempo depois de 5 de Março de 1811. Leiria renasceu paulatinamente das cinzas de há 200 anos para cá.                             


Há que promover o debate inadiável sobre um Plano de Desenvolvimento de toda a região de Leiria.                                                    São já notórios os sinais de revitalização deste pólo fundamental para o necessário e urgente relançamento do Portugal de hoje! 

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"O soldado Wheeler recordou os numerosos corpos estendidos nas ruas das vilas e aldeias pelas quais passavam, cujas casas eram muitas vezes incendiadas para embaraçar o avanço dos Aliados. Foi o que aconteceu em Leiria:
A vila ardera em diversos pontos, as casas estavam completamente abarrotadas [sic], portas, janelas, gelosias, e em muitos locais os soalhos tinham sido arrancados para servirem de combustível [...] as igrejas não escaparam, os túmulos estavam abertos e os mortos tinham sido arrastados para fora.
Marchando no trilho do exército francês, os britânicos viram muitas cenas terríveis. Grattan recordou a destruição de belas vilas como Leiria e Pombal e as brutalidades e crimes cometidos contra os seus habitantes."(*)


Convento de Sant´Ana, à data em que foi incendiado pelos franceses, em 5 de Março de 1811, aquando da III Invasão Francesa. A Igreja que se vê do lado esquerdo é a Igreja do Espírito Santo, junto à Rotunda do Sinaleiro, em Leiria.



(clic para ampliar)
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clic para ampliar.
 Com a esperada concordância do "Diário de Leiria"
in "Diário de Leiria" de 3 de Março de 2011
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(*) p. 181, Wellington contra Massena - A terceira Invasão de Portugal - 1810-1811
David Buttery
Ed. Gradiva, 2008

2011/02/28

Leiria-Cortes-Barreira: Quinta de Vale de Lobos e obras do IC36

Aspecto geral dos edifícios que integram o núcleo central da mítica Quinta de Vale de Lobos, na área de Barreira, Cortes, Leiria. Esta fotografia foi tirada desde a localidade de Vidigal, que abarca o vale do Lis, na zona onde está a ser construído um viaduto, parte integrante do IC36, sobre as terras, das mais férteis e de relevante interesse ambiental de toda a bacia deste rio.
Continuamos a ver, do lado esquerdo, a Quinta de Vale de Lobos. Sobressaem, no entanto, as imponentes obras do viaduto que liga a encosta da Quinta, atravessa o vale do Lis e prossegue, do outro lado do rio, na encosta da margem direita, na zona do Vidigal-Norte. Por entre os pilares do viaduto ainda se vislumbram umas construções, que pertencem à Quinta de S. Venâncio.
Mais um desbaste na zona florestal, de terrenos de cultivo de primeira qualidade em nome do desenvolvimento económico. Toda a área onde se veem terras movimentadas recentemente constituía uma floresta à base do carvalho robles (Quercus robur).


A páginas 39 do livro RECORTES do Jornal daí – vol II (1), lê-se, a propósito dos “Moinhos das Cortes em 1906”, da autoria de Carlos Fernandes, o seguinte:
“...Por conseguinte, em 1922, pelo menos uma propriedade na Ponte do Cavaleiro tinha a designação de “D. Ignez”, indiscutivelmente uma reminiscência muito forte da senhora que, nos finais do século XVIII, tinha três moinhos a laborar nas Cortes. E a sua importância seria de tal monta que o seu nome se confundia com o nome da povoação ou, pelo menos, com o daquela propriedade que passou a domínio da Quinta de Vale de Lobos e de que, em 1922, era proprietário o engenheiro Roberto Charters d´Azevedo, filho do Visconde de S. Sebastião, das Cortes. O mesmo Roberto Charters que é o autor da planta da bacia do rio Lis de que falámos no início deste apontamento.”

Deixo aqui este registo, em complemento das notas que se seguem, fundamentadas no que Ricardo Chartres d´Azevedo deixou escrito no livro “Villa Portela”(2), a que já me referi, quando abordei o tema da Quinta de S. Sebastião.
Esta questão da Quinta de Vale de Lobos já faz parte do meu longo processo de aprendizagem da história de toda esta zona, já que, no início da primeira década deste século, fui membro da Junta de Freguesia da Barreira e, na altura, fomos confontados com o problema de delimitação das áreas territoriais das freguesias de Barreira, Cortes, Leiria e Golpilheira. Muito se falou na Quinta de Vale de Lobos, se ficaria na Barreira ou em Leiria. Acabámos, por consenso, em estabelecer que ficaria a pertencer à freguesia de Leiria e que, entretanto, a freguesia da Barreira, junto ao Quartel do RAL 4, passaria a ser delimitada pela Rua José Marques da Cruz. E assim passou a constar.

1) Ed. Do “Jornal das Cortes – mensário regional” de 2007
(2) ler "Villa Portela", ed. gradiva, Ricardo Charters d´Azevedo, p. 83 e nota 62:
Das diversas propriedades que o 1º Visconde de S.Sebastião teve nos arredores de Leiria, destacamos a Quinta de Vale de Lobos (nota 62) e, ...
Em 1868, era seu feitor António Pereira, Cf. A.D.L., paróquia das Cortes, Casamentos, 1815-1869, fl. 99v.

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2011/02/27

Pousos - Alfarrobeira

Uma alfarrobeira, árvore que ilustra o nome do "Largo da Alfarrobeira" no lugar de Pousos, em Leiria.
Pormenor das folhas da alfarrobeira

Rua da Igreja Matriz de Pousos - Leiria

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2011/02/25

Jaime Cortesão - Um duplo combate: política e história


SONHO ÁRABE

I
Ser um árabe e ter perto
A morena companheira,
A vida um grande deserto,
Tu, a única palmeira;

Manto ao vento, ir de carreira
A galope, em campo aberto,
Na mão a lança guerreira...:
- Assim eu sonho, desperto.

Cai a tarde. Volto a casa.
E já da planície rasa,
Surge a cidade natal.

Voam cegonhas ao Sul;
Ofusca a alvura da cal;
E há minaretes no Azul.
...

Mais um encontro do Grupo de Poetas de Alcanena. Vai falar-se de Jaime Cortesão. Lembrava-me de ter estudado este grande vulto da cultura, política e histórica, no Ensino Secundário do Portugal dos anos 60. E fiquei em mente, com o seu nome e uma ideia da sua obra.
É assim que, como participante no encontro, voltei a este autor literário.

Uma curiosidade muito simbólica para mim foi ter encontrado dois livros de Poesia na Biblioteca João Soares, na localidade de Cortes, que têm um carimbo com a indicação "Oferta de Rocha Silva". O Dr. Rocha Silva, era um Economista afamado, ilustre militante de sempre do PS, que viveu a maior parte da sua longa existência em Leiria e chegou a ser Governador Civil do Distrito, já depois do 25 de Abril de 1974. Tive a honra de ser seu amigo. Chegámos a trabalhar em conjunto nalgumas Peritagens Judiciais na área da Economia e Gestão de Empresas.
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Jaime Cortesão (Ançã/Cantanhede, 29-4-1884 – Lisboa, 14-8-1960) foi um intelectual que, privilegiando concomitantemente a investigação, a reflexão e a acção, ocupou um lugar proeminente na cultura política e na cultura histórica do seu tempo, sobretudo pela afirmação de um duplo combate – político e de reavivar a consciência histórica e cívica – presente na produção escrita e na acção cultural e cívica. O impulso dinamizador e o sentido da convergência foram os traços mais característicos da sua personalidade. Foi sobretudo um «polarizador de doutrina», um «catalisador» de ideias, como o definiu Aquilino Ribeiro, mais «congraçador» do que «hostilizador dos homens», como o considerou José Rodrigues Miguéis.
in http://cvc.instituto-camoes.pt/figuras/jcortesao.html


Ocorre-me dar relevo à  obra de jaime Cortesão, "Influência dos Descobrimentos Portugueses na História da Civilização", aproveitando para trasnscrever o seguinte:
"...Essa feição astronómica e matemática da geografia de Ptolomeu, tão acentuada ente os Árabes, veio a tornar-se um dos elementos mais fecundos na formação da ciência náutica dos Portugueses, e, por consequência, no conhecimento do globo."
(Copyright ©as-nunes)
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2011/02/24

Rua da Lapa - Pousos - Leiria: As giestas brancas aí de novo



Ao descer esta rua, vindo da zona da Igreja Matriz dos Pousos, em direcção ao Vale do Sirol, a Ribeira revolta com muita água.
Seguindo, rua abaixo, vai-se paralelamente à variante do Hospital de Sto. André para o nó rodoviário, que brevemente receberá o IC36, que vem do Alto Vieiro, para ligar a A8 à A1. Nessa rua, ainda vemos nas bermas, giestas, tojos, os restos de pinhais, sobreiros, choupos, até uma cerca com porcos pretos criados ao ar livre. Do outro lado, a   Auto-Estrada (a variante) que se vê na foto. 
Tanto alcatrão! Tanto kilómetro de automóvel a devorar!... 
Quem irá usar no futuro tanta Auto-Estrada? que, imagino, vai ser paga km a km, litro após litro de combustível, o petróleo a preços incomportáveis!... 
Já me sinto perdido a fazer contas e mais contas à vida!...
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GIESTAS


Recordo o tempo da giesta em flor
A dar uma outra cor à nossa estrada;
Caminhos que seguíamos, de amor
Ele a florir também, na alvorada.


O branco e amarelo, o bicolor
Mostravam cada encosta matizada;
O brilho à luz do sol, no seu esplendor!
De mim saía um poema, uma balada...


Depois, as auto-estradas do progresso.
Às vezes vou nas outras, que não esqueço,
Embora fique aquém das horas lestas;


É nelas que à minha alma sempre assoma
Lembrança de algum beijo... no aroma
Que vinha então selá-lo, das giestas.



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2011/02/23

Leiria: Requalificação e Dívida Externa

Estes desiquilíbrios - repare-se (clic) também no poste ao lado da "Zara", antigo "Paço Episcopal" substancialmente fora da vertical do lugar - não abonam nada ao nosso próprio equilíbrio emocional.
No Jardim Luís de Camões...
Leiria tem sido, na última década e meia, alvo de muitas e variadas obras de requalificação de espaços públicos.
Nalguns casos, desnecessários e despropositados. 
Opiniões, claro está.
Por exemplo, os bancos de jardim que estão espalhados pela zona do Largo 5 de Outubro de 1910 e do Jardim Luís de Camões, foram importados dos "States". Por acaso, ainda se lembram de como eram bonitos e mais apropriados às características do Centro Histórico de Leiria, os bancos de madeira que lá existiam, muito mais confortáveis e anatómicos? Dava gosto descansar um bocadinho e entabular uma conversa (também se namorava bem...) nesses bancos,
- ainda se podem observar alguns, talvez para ficarem para memória futura, no quadrado central do Jardim, ainda que pintados de cor de laranja (a que propósito?!)
Haveria necessidade?
Tanta empresa de serralharia civil (e até mecânica) (*) que tínhamos e ainda temos em Portugal!...

Depois, contas feitas, a «Balança de Pagamentos» com o exterior é o que se vê! Está a assumir proporções deficitárias tão ou mais graves como a própria «Dívida soberana»?
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(*) Ora aqui está uma questão prosaica mas que é correcto distinguir:
- Serralharia CivilConstrução e reparação de Portões, Grades e Coberturas de metal;
- Serralharia MecânicaConstrução e reparação de Máquinas.



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2011/02/21

Leiria: Praça Francisco Rodrigues Lobo e Ateneu Desportivo de Leiria


As instalações do Ateneu Desportivo de Leiria(*) estão de cara lavada. As obras de requalificação no edifício onde funciona a sua sede foram realizadas em tempo reduzido, o que é, nos tempos que correm, uma bênção dos Deuses para o martirizado Centro Histórico de Leiria, que atravessa uma época de obras em simultâneo em vários pontos da cidade, o que está a paralizar completamente o movimento de peões e viaturas e, consequentemente, a asfixiar o débil comércio que poderia revitalizar esta zona nevrálgica e simbólica de Leiria.


Nas fotos pode-se ver:


1- Edifício restaurado, estátua a Francisco Rodrigues Lobo, poeta bucólico e figura de relevo das letras de Leiria. Em primeiro plano, a beleza das ameixoeiras em flor na Praça principal da cidade de Leiria;
2- Plano de pormenor da estátua ao Pastor peregrino evocado na obra poética de Francisco Rodrigues Lobo.

Nota:
(*)Muito me honra ter feito parte dos seus corpos gerentes nos anos 80.
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Desde Leiria, em dia de Sporting-Benfica



Antevisões verde-rubras

Com os leões de Alvalade
O Benfica vai jogar.
Desculpem-nos, mas sem maldade,
Nós vamos mesmo ganhar.

É que o destino, por certo,
Já percebeu que na Luz,
Além de se jogar bem
Até estamos com Jesus.

Havia um tal de «levezinho»
Que valia bem por mil
Mas agora, benfiquistas,
Ele já foi prò Brasil.

Sem ele e com o Cardozo,
O Aimar e o Luisão
Até mesmo um pardalito
Ganharia a um leão,

Vamos afinar as vozes,
Prepararmo-nos pra cantar.
Logo, o Benfica, senhores,
Ao Sporting vai ganhar.

Zaida Paiva Nunes
21 de Fevereiro de 2011 - 10h30


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2011/02/20

LEIRIA: Vila Maria, para memória futura




Vim viver para Leiria em 1966. 
A cidade tinha um núcleo urbano central, a actual Zona Histórica, e mais uns quantos aglomerados urbanos, vivendas familiares e muitas Quintas, à sua volta.
Passados estes anos todos, Leiria está transformada num grande centro urbano, a deslocar-se duma forma nítida para a zona do actual "Shopping Center", ao mesmo tempo num infernal entroncamento de Auto-estradas e Itinerários Complementares, que está a alterar drasticamente o equilíbrio ambiental desta área, zonas de floresta e os vales do Lis e do Lena praticamente engolidos por estruturas megalómanas de betão e  alcatrão.
Entretanto, muitas edificações típicas, características duma época, foram abandonadas umas, transformadas em blocos de apartamentos incaracterísticos, outras. 
Dir-se-á: alterações próprias da evolução das cidades das últimas décadas. Está claro, mas teremos que nos render tão dramaticamente à ocupação dos terrenos com tão grande impacto ambiental?


Além disso, também é verdade que, a nós, os que vivem a cidade desde há mais de 30 anos, começam-nos a faltar muitas referências desses tempos passados. 
Só por isso, de vez em quando, vou deixando aqui algumas reportagens das quintas e vivendas/vilas que marcaram a Leiria de outra era. 
Saudosismo?
Talvez!
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2011/02/17

Muçulmanos: Xiitas ou Sunitas? Revolução geral?

http://dispersamente.blogspot.com/2006/08/iv-maom-e-o-islo.html

Seguindo este link pode ler-se o que em 2006 me decidi a publicar neste blogue a título duma possível síntese do que se deve saber sobre Maomé e o Islão. Ou seja, tentar perceber os fundamentos da orientação religiosa dos Muçulmanos. E da influência significativa que o Islão teve sobre a Civilização Global da actualidade, se é que assim nos podemos expressar. 


Hoje, está novamente na ordem do dia, debruçarmo-nos sobre esta questão para tentar perceber o que se passa nos países Muçulmanos na actualidade. Principalmente na zona nevrálgica do Islamismo: O Norte de África e o Médio Oriente.
Teremos forçosamente que olhar para as decididas manifestações populares que se têm verificado em países como a TunísiaEgipto, Iémen, Iraque, Bahrein, Líbia, Síria e assim por diante. Estamos na presença de movimentos de revolta contra Ditaduras de décadas e décadas, seculares bem se pode afirmar, protectoras de elites instaladas no poder sem que para isso o povo as tivesse mandatado expressamente através de eleições livres.
Já se fala na Revolução da Primavera Árabe.


Dentro do Islamismo retoma-se a velha discussão das duas principais tendências religiosas: os Sunitas e os Xiitas. Que, cíclica e localmente, se degladiam  tendo em vista a supremacia duma sobre a outra.


Afinal qual é a diferença notável entre  SunitasXiitas?


Sunitas


São os muçulmanos ortodoxos, isto é, a grande maioria dos fiéis do Islão.
O termo sunitas tem, essencialmente, a ver com o facto de serem seguidores fiéis de princípios teológicos e público-jurídicos que se regem pelo cumprimento escrupuloso da sunna (conjuntamente com o Alcorão), as acções do Profeta Maomé, tal como elas se revelaram desde os primórdios do Islão.
O Sunismo opõe-se às crenças e aos princípios dos Xiitas, na medida em que estes acrescentam outras compilações canónicas como a sunna dos doze imam e se assumem seguidores não só de Maomé mas também de Ali, seu genro, que casou com Fátima, filha de Maomé.


Xiitas


São os partidários da família do quarto califa, Ali, primo e genro do Profeta Maomé.
Os xiitas têm uma veneração superior pela família de Ali.
A característica fundamental que os distingue dos Sunitas tem a ver com o facto de que, enquanto estes só aceitam que a mediação com Deus é feita através do Profeta Maomé, para os Xiitas esta intermediação entre Deus e a comunidade é feita  pelo iman, posição  reservada a um seguidor de Ali, enquanto sucessor de Maomé, e chefe dessa mesma comunidade. 
Os Xiitas acreditam que Ali é o verdadeiro sucessor do Mensageiro de Alá. Ou seja, não renegam Maomé, mas partilham da convicção que a ligação a Deus continua através dos sucessores de Ali.


O problema que ficou por resolver entre os Muçulmanos é que não foi pacífica a aceitação de Ali como a referência fundamental na sucessão a Maomé.


Talvez que com esta breve revisão duma fase significativa da História Universal se possa melhor entender as razões que justificam o aproveitamento desta onda de contestação no mundo muçulmano-árabe para alguns ajustes de contas entre sunitas e xiitas.
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