29 Set 2008 - O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, assina hoje, no Rio de Janeiro, o decreto para promulgação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Em declarações à Lusa, à margem do colóquio Machado de Assis, que começou hoje na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa, Lauro Moreira explicou que a data escolhida é simbólica, coincidindo com o aniversário da morte de Joaquim Maria Machado de Assis, que considera um dos escritores brasileiros mais "universais".
"O Presidente Lula da Silva aproveitou a comemoração do centenário da morte de Machado de Assis para assinar o decreto naquela que é a casa de Assis (a Academia Brasileira de Letras), fundada por ele", disse o embaixador.
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De notar:
¨ Que da biografia oficial de Machado de Assis consta que o mais representativo escritor brasileiro morreu a 29 de Setembro de 1908;
¨Que nós, aqui em Portugal, ainda andamos feitos puritanos a subscrever abaixo-assinados(*), ainda há e heverá vultos intelectuais de peso que não se estão a acomodar ao Acordo Ortográfico da Língua Lusófona. Há escritores a ameaçar continuar a escrever como se não houvesse Acordo Ortográfico e as Editoras andam em grande alvoroço, indecisas...
Afinal queremos que o Português seja uma língua falada e escrita em todo o Mundo ou não? Se continuamos nesta pose qualquer dia ficam os Portugueses a falar uma Língua morta (quem sabe se não voltamos ao latim. Então é que "hoc opus hic labor est").
Tenho que confessar que, talvez por uma questão de nacionalismo saloio, andei indeciso em assumir uma posição a favor ou contra. Temos que nos decidir: ou sim ou não, nem que para isso seja necessário ir a referendo nacional. De qualquer modo, o Acordo já está aprovado oficialmente. Só não sabemos quando é que entrará em vigor de facto (ou de fato?!) em Portugal!...
Sem dúvida que fomos nós, os Portugueses, que demos novos mundos ao Mundo! Através da nossa vocação marítima, mercantilista e religiosa, afoitámo-nos por todos os Mares nunca dantes navegados e colocámos no Mapa-Mundi novas terras que a Europa não sonhava que existiriam.
Sofremos e fizémos sofrer muitos povos para que que Fernando Pessoa pudesse escrever em jeito sebastiânico, no seu poema, Mar Português: Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! ...
De qualquer modo, esse Passado que não podemos nem queremos apagar, porque faz parte da nossa História, não nos pode cegar a ponto de não querermos ver a realidade dos tempos modernos.
Somos muitos milhões a falar português, mas estamos dispersos por todo o Planeta. Há que fazermos concessões uns aos outros para que este sentimento, que já é muito forte e mais será, de Lusofonia, não esmoreça. Será esse sentimento, moldado pelo sofrimento, pelo convívio e pela força indomável do Tempo, que vai alavancar, inevitavelmente, O ACORDO ORTOGRÁFICO.
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Aproveito, revoltado comigo mesmo, para pedir desculpas a quem, tempos atrás, na minha indecisão, eu prometi assinar um desses abaixo-assinados. Hoje não o faria. E não tenho vergonha nenhuma de dizer que não me arrependo de ter andado entre o sim e o não. E de hoje estar a dar o dito por não dito.
10 comentários:
AMIGO ANTÓNIO
convido-o a visitar o meu blog:
Momentos Perfeitos, pois participei num raid fotográfico e coloquei 2 das fotos que fiz.
Gostaria da sua opinião de bom fotógrafo, pode ser?
Adoro bosques e pinhais, adoro fotografar árvores.
MAR, água e sol, nuvens, tudo o que tenha a ver com a Natureza.
Boa semana.
Beijinhos.
o Acordo ficará para sempre na minha memória, pois hoje comemoro outro aniversário!!
Acentos e tremas... adeus!!!
Abraços meu irmão.
Pedro
Olá Pedro.
Encantado por esta inesperada visita.
É isso mesmo, adeus acentos e tremas, parece que nós, portugueses, um dia destes até já nem teríamos teclados no mercado para poder escrever no computador.
Um grande abraço, meu irmão, também o digo.
E quanto mais próximos estivermos na grafia das nossas palavras, mais íntimos havemos de ficar.
E há-de ser para bem dos nossos filhos, na pior das hipóteses.
António
Não percebo porque querem alguns fechar-se sobre si quando devemos abrir as portas a todos. Se somos milhões e milhões a falar o português por esses 4 cantos do mundo, porque não fazer com que todos o falem correctamente.Desculpao que se passou no meu blogue.Gr. abraço António
...pois eu também ando muito atrapalhada com isto.
A verdade é que me parece que qualquer dia não sei escrever, e a filhotas é que me vão ensinar...como tempo vai.
Beijos.
O acordo ortográfico é uma decisão meramente política e circunstancial, cujo preceitos nada têm de científicos. Basta atentar na subtileza desta questão.
Um dos argumentos a favor do acordo consistia no facto de quando havia uma cimeira, o comunicado final era redigido em duplicado, em Português, versão europeia, e em Português, versão brasileira.
Mas isso é uma falácia, pois este acordo de paninhos quentes alterou somente 1% da grafia portuguesa e 0,2% das palavras em versão d’além-mar. Várias centenas de palavras terão, pois, dupla grafia, de modo que teremos sempre os tais dois comunicados...
A questão da dupla grafia é uma falsa questão, pois o inglês tem várias ortografias (inglesa, americana, australiana..., embora menos radicais do que a divisão existente na Língua Portuguesa), e ninguém anda de caldeirinha a unificar a língua inglesa!
Para além disso, a eliminação de fomenas mudos (como o C e o P) irá causar alguma confusão, por não darem qualquer indicação das regras de pronúncia. Depois o acordo penalizou a grafia e a dicção portuguesa, ao seguir unicamente as regras de pronunciação brasileira, que abrem naturalmente todas as vogais de modo uniforme, enquanto nós fazemos diversas distinções fonéticas entre elas.
Não se trata de ser “Velho do Restelo” mas o acordo é tão-somente político, de tal maneira que os mais reputados linguistas estão na sua maioria contra este acordo cozinhado e que é naturalmente anti-científico. Por alguma coisa será. Não vejo como tal acordo irá contribuir para tornar a nossa língua mais global e planetária.
Caro amigo Jofre
Não há dúvida que com o Inglês não houve as confusões que se estão a verificar em relação ao Português.
A verdade, porém, é que a nossa Língua, principalmente por influência Brasileira, tornou-se mais desconformada com os princípios científicos que regeram a sua evolução.
as aqui está, com o decorrer do tempo, estamos a ser confrontados com casos que temos que ultrapassar com algumas cedências, engolindo alguns sapos vivos, para que o bem maior que nós, descendentes de Camões, possamos falar a mesma língua.
Em suma, temos em mãos um caso muito difícil, mas havemos de o ultrapassar. Talvez que os nossos filhos e netos consigam entender-se melhor a lidar com esta situação.
Às páginas tantas ainda andamos para aqui todos a falar Inglês e, sei lá, a escrevê-lo também.
Confesso que me mantenho muito confuso...
Um grande abraço, Jofre
Amigo António,
Sem a tua permissão reproduzir o teu post sobre o "acordo ortográfico", mas registrei a autoria, ok?!
Abraços,
Pedro
Vou já aí ver!
Uma honra tal reprodução, Pedro.
Um grande abraço
António
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