Movido pela curiosidade de aprender algo mais sobre Angola, as origens da sua constituição como Nação, desde a chegada dos portugueses, decidi comprar o livro de Manuel Ricardo Miranda, GINGA - Rainha de Angola. A verdade é que nós, portugueses, na sua maioria, o que retivemos na nossa memória de estudantes relativamente às chamadas Províncias Ultramarinas, ou seja às colónias que fomos constituindo nos vários pontos do globo, à medida que as nossas caravelas iam progredindo ao longo da costa africana, a partir do século XV, resumia-se aos seus nomes, à sua localização, principais cidades, área geográfica, riquezas naturais, povos nativos e pouco mais.
Foi assim que, finalmente, me debrucei, mais afincadamente, sobre a forma como surgiu o nome Angola.
Dá-se também o caso de que está na ordem do dia falar-se do Dia Mundial da Mulher (ainda que, pelo calendário, só se comemora oficialmente, no próximo dia 8). Decidi-me a escolher como referência, precisamente, o nome da mulher que terá dado origem ao nome desta grande nação africana, resultado de muitas intrigas, muitas lutas e morticínios, inicialmente em resultado do maior negócio do século, que era o tráfico de escravos para seguirem para as roças Brasileiras.
Foi no século XVI que Portugal começou a incrementar as suas relações comerciais com África. Já em pleno século XVII, outros países europeus, particularmente os holandeses, autênticos piratas em busca de tesouros desprotegidos, começaram a cobiçar as riquezas naturais e os lucros fabulosos resultantes do comércio de escravos, que passaram a orientar-se, não só para o Brasil, mas também para S. Tomé e Príncipe e para as Antilhas, espalhando-se até à America do Norte.
Em Cabassa, Angola, nasce em 1582, Nzinga Mbandi Ngola, que os portugueses mais tarde ficaram a conhecer como Rainha Ginga.
Rezam as crónicas que esta mulher tinha uma personalidade extraordinariamente forte e que era dotada de grande beleza.
No decorrer da primeira das suas acções diplomáticas junto do Governador português de Angola, João Correia de Sousa, permaneceu algum tempo em Luanda, tendo aceitado baptizar-se com o nome de Ana de Sousa.
Pelo que aprendi (na wikipédia já existe muita informação), muito se podia escrever acerca do intrincado percurso da sua vida, no entanto podemos sintetizá-la, classificando Nzinda (Ginga, para os portugueses) como tendo sido, na sua época, a mulher mais poderosa de toda a África.(1)
Ou, muito simplesmente, como refere o autor do livro que indiquei acima:
"Com uma visão notável de estadista para a época, a sua figura está ligada à génese dos movimentos nacionalistas angolanos, da luta de resistência à ocupação do território e, sobretudo, ao tráfico de escravos."
Por isso mesmo, o Governo de Angola, independente, mandou erigir-lhe uma estátua em Luanda, para perpetuar a sua memória e o alcance nacionalista da sua acção como estadista e estratega militar.
Morreu em 1663 com 81 anos. O autor do livro que me serviu de guia escreve que a data do seu nascimento terá sido em 1581. No entanto, pelo que se consegue ler na placa identificativa da sua estátua em Luanda, nasceu em 1582.
(Gravura de Nzinda, acima apresentada, é uma reprodução da Rélation Historique de l'Ethiopie Occidentale, do P. Labat – Paris, 1732)
-
(1) http://unesdoc.unesco.org/images/0019/001902/190253POR.pdf
Este link permite-nos consultar, em português, uma vasta literatura sobre a História da África desde a pré-história até aos nossos dias, em 8 volumes.
Mais precisamente, na página 662 de
HISTÓRIA GERAL DA ÁFRICA •
Vol. V
África do século XVI ao XVIII
podem obter-se informações pormenorizadas e de excepcional rigor relacionadas com o tema desta entrada.
-
A pág. 315 e 316 também se podem ler dados muito interessantes acerca da actuação dos portugueses na costa ocidental africana, desde a Madeira, passando por Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe até à zona do Senegal, ou antes da Senegâmbia, na altura, as bacias dos rios Senegal e Gâmbia.
Foi assim que, finalmente, me debrucei, mais afincadamente, sobre a forma como surgiu o nome Angola.
Dá-se também o caso de que está na ordem do dia falar-se do Dia Mundial da Mulher (ainda que, pelo calendário, só se comemora oficialmente, no próximo dia 8). Decidi-me a escolher como referência, precisamente, o nome da mulher que terá dado origem ao nome desta grande nação africana, resultado de muitas intrigas, muitas lutas e morticínios, inicialmente em resultado do maior negócio do século, que era o tráfico de escravos para seguirem para as roças Brasileiras.
Foi no século XVI que Portugal começou a incrementar as suas relações comerciais com África. Já em pleno século XVII, outros países europeus, particularmente os holandeses, autênticos piratas em busca de tesouros desprotegidos, começaram a cobiçar as riquezas naturais e os lucros fabulosos resultantes do comércio de escravos, que passaram a orientar-se, não só para o Brasil, mas também para S. Tomé e Príncipe e para as Antilhas, espalhando-se até à America do Norte.
Em Cabassa, Angola, nasce em 1582, Nzinga Mbandi Ngola, que os portugueses mais tarde ficaram a conhecer como Rainha Ginga.
Rezam as crónicas que esta mulher tinha uma personalidade extraordinariamente forte e que era dotada de grande beleza.
No decorrer da primeira das suas acções diplomáticas junto do Governador português de Angola, João Correia de Sousa, permaneceu algum tempo em Luanda, tendo aceitado baptizar-se com o nome de Ana de Sousa.
Pelo que aprendi (na wikipédia já existe muita informação), muito se podia escrever acerca do intrincado percurso da sua vida, no entanto podemos sintetizá-la, classificando Nzinda (Ginga, para os portugueses) como tendo sido, na sua época, a mulher mais poderosa de toda a África.(1)
Ou, muito simplesmente, como refere o autor do livro que indiquei acima:
"Com uma visão notável de estadista para a época, a sua figura está ligada à génese dos movimentos nacionalistas angolanos, da luta de resistência à ocupação do território e, sobretudo, ao tráfico de escravos."
Por isso mesmo, o Governo de Angola, independente, mandou erigir-lhe uma estátua em Luanda, para perpetuar a sua memória e o alcance nacionalista da sua acção como estadista e estratega militar.
Morreu em 1663 com 81 anos. O autor do livro que me serviu de guia escreve que a data do seu nascimento terá sido em 1581. No entanto, pelo que se consegue ler na placa identificativa da sua estátua em Luanda, nasceu em 1582.
(Gravura de Nzinda, acima apresentada, é uma reprodução da Rélation Historique de l'Ethiopie Occidentale, do P. Labat – Paris, 1732)
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(1) http://unesdoc.unesco.org/images/0019/001902/190253POR.pdf
Este link permite-nos consultar, em português, uma vasta literatura sobre a História da África desde a pré-história até aos nossos dias, em 8 volumes.
Mais precisamente, na página 662 de
HISTÓRIA GERAL DA ÁFRICA •
Vol. V
África do século XVI ao XVIII
podem obter-se informações pormenorizadas e de excepcional rigor relacionadas com o tema desta entrada.
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A pág. 315 e 316 também se podem ler dados muito interessantes acerca da actuação dos portugueses na costa ocidental africana, desde a Madeira, passando por Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe até à zona do Senegal, ou antes da Senegâmbia, na altura, as bacias dos rios Senegal e Gâmbia.
actualidade Angolana
NB.:
Aconselho a leitura http://clubedospensadores.blogspot.com/2011/03/falsa-anunciada-mega-manifestacao-em.html
acerca da possibilidade de manifestações em Luanda convocadas pela via da moda: o Facebook.
Será que esta forma de convocação das massas populares para a manifestação nas ruas e praças das cidades é só uma moda, ou algo de mais urgente e de ruptura social está em causa?
7 comentários:
Interessante.
Mesmo em seculos atras muitas mulheres se destacaram pela inteligencia, bravura, ou personalidade!
Sempre é bom aprender mais, sobre variados assuntos!
beijitos amigo
Boa Tarde, António.
Ler este interessantíssimo texto, fez-me crescer a vontade de ler o livro sobre a Rainha Ginga.
Fala do que aprendemos na escola primária: tudo muito bem domesticadinho! Recorda?
Um abraço e sempre um beijinho à Zaida
Boa tarde Alda. Bom dia, para a Flor, que no Brasil é muito mais cedo.
Quando se lê sobre as ligações tão íntimas e dramáticas que existem entre os portugueses, os brasileiros e os angolanos, fica-se com uma sensação de estranha cumplicidade. Feita de aventura, de mar, de mistérios, de escravos,
Já volto...
Beijinhos
António
Muito interessante. Há toda uma História por contar, ultramarina e não só...
É sempre bom ir lembrando!
Obrigada.
O.
Sem dúvida, um tema apaixonante.
E mais ainda, para mim, que obtive a informação da existência de bibliografia interessantíssima, a versar a História Geral da África.
Temos que convir que os portugueses tiveram uma acção predominante na definição da importância das rotas Atlânticas para o desenvolvimento mundial do comércio.
Desempenhámos, sem dúvida, um papel relevantíssimo na ligação das várias partes do Mundo, desconhecidas umas das outras, até aos séculos XIV/XV.
Só conhecemos aquilo que nos dão a comer. Era assim no colonialismo e será nos tempos democráticos com a visão de quem está no poder e os opinadores ou fazedores de opinião da comunicação social. Neste dia a nossa homenagem vai para o Dia da Mulher.Bem escolhido o tema.gr. abraço.
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