(clik para ouvir a Rádio Batalha)
Soares Duarte e
António Nunes
Hoje, 14 de Março de 2011, entre as 17h10 e as 17h30, na Rádio Batalha, 104,8 Mhz
-
Vou tentar fazer uma síntese da nossa conversa via rádio, animada e preocupada ao mesmo tempo.
Decididamente nós, o Povo da rua, aquele que quer é viver a vida do dia a dia, com dignidade, à custa do esforço do seu trabalho, estamos a atingir um ponto de saturação tal que já não podemos acreditar em mais de 10% do que vamos ouvindo na comunicação social, seja pela boca dos políticos que nos governam
-Atenção, muita atenção, estamos a ser governados, não só pelo Governo oficial do PS minoritário, mas também pelo Presidente da República, pelo PSD e pelos restantes partidos da Assembleia da República seja pela própria comunicação social.
As notícias vindas a lume são contraditórias, actualizáveis ao minuto. Mas, acima de tudo, muito desanimadoras. Perturbadoras, teremos mesmo que o dizer.
Durante décadas convencemo-nos que estávamos a viver num tempo de vacas gordas. Que toda a gente podia comprar casa (port vezes até com piscina), carro novo, mobílias novas, viajar para países exóticos. E se não tivéssemos todo o dinheiro necessário imediatamente disponível (que era o caso geral) não havia azar. Os bancos emprestavam-nos esse dinheiro, sem grandes burocracias e a taxas de juros baixas.
E assim fomos andando e nos deixámos embalar no canto da sereia.
Todo este regabofe tinha que dar mau resultado, obviamente. A dívida individual foi aumentando exponencialmente, ao mesmo tempo que com as contas do Estado acontecia o mesmo.
Sabendo nós e sentindo na própria carne, as consequências daqui advindas, damos connosco a perguntar:
E agora?
Tentando fazer uma ligeira recapitulação do que se tem vindo a passar e que nos afecta a vida, cada vez com mais premência, retomemos a história, na altura, em que os juros da nossa Dívida estavam em alta declarada. O Primeiro Ministro e o Ministro das Finanças trazem-nos notícias de Bruxelas:
- Acordo europeu para aumentar para 440 Mil Milhões de Euros a chamada FEEF (Fundo Europeu de Estabilização Financeira);
- Que passará para 500 Mil Milhões em 2013;
- Flexibilizar a utilização destes fundos para serem utilizados na compra directa da Dívida Pública dos países em dificuldades e assim reduzir a pressão dos mercados externos para evitar a subida insustentável das taxas de juro.
Só que, entretanto, foram-nos impostas novas medidas de contenção e austeridade nos países periféricos como o nosso. É aqui que surge o já chamado PEC IV, que tanta celeuma está a levantar.
E o que é este PEC IV?
O Governo comprometeu-se na Sexta-Feira passada em avançar com novas medidas de austeridade:
- Aumento do imposto automóvel para reduzir o volume das importações;
- Corte nas pensões a partir de 1.500€ num montante médio (progressivo a partir de 3,5% até aos 10% para as mais altas;
- Revisão das Taxas do Iva;
- Revisão das condições de atribuição do subsídio de desemprego.
Entretanto, Passos Coelho, pressionado pelos gurus do seu partido e pela previsível impopularidade destas medidas, só possíveis com a sua aprovação, já que não acredito que o Governo se abalance sozinho neste difícil cruzada, já veio declarar que o Governo não pode contar com o PSD para as pôr em prática.
Face à nossa dramática situação, vamos a ver se Passos Coelho não vai ter de refrear os seus correligionários.
-
Segundo as últimas informações, os juros da Dívida Pública estão a descer drasticamente e a Grécia a ficar mais aliviada.
Será que a União Europeia, efectivamente unida, irá conseguir ultrapassar este Tsunami financeiro que está a atacar a estabilidade do Euro e da própria União?
6 comentários:
Ó amigo António, eles estão desertinhos de ir para lá! O Cavaco já não deve aguentar mais os que o reelegeram a buzinarem-lhe aos ouvidos que tem de pôr este governo a andar.
Só que o PSD esteve sempre habituado a governar em tempo de vacas gordas que você bem descreveu. Mas agora estamos, muito por culpa de todos nós, em tempo de vacas magras.
Já não vejo nem oiço telejornais, senão não consigo dormir de noite!
Olá, António.
Acho que a situação é dramática, mas discordo de "carol". Neste momento ninguém está "desertinho para ir para lá" e penso mesmo que quem está lá se pudesse saía.
Uma crise política, no momento actual, seria muito difícil de gerir em termos de política comunitária e nenhum partido deverá estar interessado em assumir essa responsabilidade.
A oposição está a fazer o seu papel, mas não está de forma alguma interessada em provocar a queda do governo ou em assumir a governação no actual momento.
Quanto a nós, é mais um momento difícil que teremos de atravessar. Não é o primeiro, seria bom que fosse o último. Não pense que estou conformada. Estou tão fula como qualquer outro que viu "mudadas as regras a meio do jogo", mas recuso-me a desesperar por isso. Morrer há-de ser bem pior, enquanto estiver viva e com saúde hei-de conseguir "virar-me".
Isto anda tudo ao mesmo...
Quando estão fora falam e tudo prometem. Até fazem milagres...
Depois no poleiro são todos iguais...
Mas muito mais difícil é saírem de lá. Parece que aquilo é bom e agarram-se com unhas e dentes ao poder. Não há humildade para rever projectos descabidos e desnecessários nem tão pouco para ver as contas correctamente.
Como as coisas estão escassas lançam-se mais impostos e este descalabro nunca mais tem fim...
Parabéns...
Tens uma voz radiofónica muito boa.
Ontem ouvi-te um pedacinho na rádio Batalha cerca das 17 horas.
Tenho o dever e obrigação, enquanto cidadão interessado pela política real – com ou sem partidos á mistura - de salutar estas suas palavras opinativas que me parecem nada facciosas e de uma lucidez infelizmente rara. Sem dúvida que o problema é geral, quer nas causas quer nas responsabilidades. Se o problema é nosso o melhor é mesmo ser resolvido por nós com consciente e responsável atitude política, deixando preconceitos e incapacidade de cooperar de parte.
É isso, meus amigos.
Como é possível os dois partidos responsáveis pela gestão deste país - e já não é só de agora - andarem de costas voltadas e não se entenderem?
Está em causa um país chamado Portugal.
Se for preciso, repartam lá os poleiros e os Boys, a ver se nos aguentamos sem eleições antecipadas, para ficarmos na mesma.
Está visto que um Governo constantemente na corda bamba... não consegue governar, nem bem nem mal!
Não votamos para termos um governo?
Na falta de maioria absoluta só têm que chegar a um entendimento tendo em conta os superiores interesses da Nação.
Enviar um comentário