2011/04/26

Cortes - Leiria: Quinta do Cónego

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De há uns anos a esta parte que, sempre que consigo obter elementos identificativos sobre as muitas - históricas e românticas quintas, de várias localizações, claro, particularmente de Leiria -  os partilho com os leitores deste blogue.
Desta feita, divulgo alguns pormenores que reputo interessantes, acerca duma quinta que há muitos anos conheço, de ver por fora, ao passar na Estrada Principal das Cortes, a que liga a Ponte Cavaleiro à povoação das Cortes propriamente dita.
Trata-se da Quinta do Cónego, sobre a qual não encontrei referências mais precisas (talvez pela leitura apressada que fiz dos dois volumes "ReCortes do jornal daí"(*) ed. do "Jornal das Cortes", 1997(vol 1) e 2007(vol. 29) e do tempo escasso que possa ter dedicado a esta matéria. 


(*)Aditamento, 29-04-2011-14h gmt:
Podem-se ler, nestes livros, vários textos, que me escaparam na tal leitura rápida, nos quais se aborda a possibilidade (quase certeza) de esta "Quinta do Cónego" , na sua versão anterior à actual,  com todas as suas envolvências, ser uma referência importante do enredo do romance de Eça de Queiroz, "O Crime do Padre Amaro". Eça identifica esta quinta, no seu romance, como a Quinta da Ricoça, que pertencia ao  Cónego Dias e que ficava nos Poiais. 
Ora, a Quinta do Cónego, da altura, pertencia efectivamente ao Cónego Lemos. A sua localização tem muito a ver com o micro-topónimo Pousias, ali mesmo na extrema Norte das Cortes.
Como se pode inferir do que se escreve no  I vol. das obras referidas, a pp 249 a 259, (J.C. de Janeiro a Junho de 1991, Carlos Fernandes, de Julho de 1990 e de Dezembro de 1995, Manuel Paulo Maça).  


Penitencio-me, desde já, pela minha ingratidão face a tão meritório trabalho, se a minha busca se vier a revelar insuficiente, o que é quase certo acontecerá. Se assim for, muito agradeço a indispensável achega, para que esta minha contribuição possa ser de mais utilidade para os navegantes/investigadores que estejam a vogar nesta onda da web.
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O projecto de arquitectura do edifício principal da Quinta é da autoria do célebre Arquitecto intimamente ligado a Leiria, que foi Ernesto Korrodi. Aliás, basta observar com um mínimo de atenção, o estilo desta obra para  que se lhe pudesse ser facilmente atribuído, ainda que referência a esse facto se possa ler no painel de azulejos que se pode ler na foto 4. Cabe, nesta oportunidade, fazer alusão à discrepância de datas que se observam numa lápide que encima a porta principal de entrada do edifício (foto 7, em que se diz que a   construção foi feita em 1919 e a foto 4, em que essa mesma data é reportada a 1922. Provavelmente, isso significará que a traseira da casa terá levado mais 3 anos a concluir-se).
As características típicas da arquitectura de Ernesto Korrodi - de que existem vários exemplos em Leiria - referem-na como arquitectura civil revivalista, Arte Nova, traço romântico. 
A planta é rectangular, bastante irregular e com cobertura em vários telhados, de 3 e 4 águas.
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Muito próximo desta Quinta, cerca de 200 metros a Sw, está referenciada uma importante Estação Paleolítica - a da Quinta do Cónego, Cortes, lugar de Pousias, estrada da Ribeira.
Esta estação, actualmente praticamente desactivada, foi investigada por diversas vezes, no âmbito do estudo de ocupações paleolíticas da bacia hidrográfica do rio Lis.
Há materiais lá recolhidos, depositados no Museu Nacional de Arqueologia e Etnologia.
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Seguindo este link pode aprofundar-se a matéria relativa às escavações arqueológicas atrás referidas.
Leia-se "Intervenção Arqueológica na Estação Acheulense da Quinta do Cónego, Pousias - Cortes - Leiria" da autoria de João Pedro Cunha Ribeiro, Assistente da faculdade de Letras da Universidade do Porto.
As conclusões deste estudo são muito interessantes tendo em conta que nele se evidencia a presença do Homem Paleolítico nesta zona do rio e do vale do Lis.

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8 comentários:

Graça Sampaio disse...

Que linda casa! Há uma casa deste tipo de arquitectura na Estrada de Leiria para os Marrazes, perto dos antigos Correios que está em ruínas. Tenho tanta pena! É tão bonita! E faz-me uma pena!

Isabel Soares disse...

Muito interessante. Porque não organiza uma visita guiada? Eu seria a primeira a inscrever-me. As fotos, como sempre, uma maravilha.
E aprendi. Não sabia nada da Casa do Cónego. Aliás sei pouco das Cortes.
Adorei!

a d´almeida nunes disse...

Carol
Isabel Soares

Muito obrigado pela amabilidade dos vossos comentários.
Quero acrescentar que, entretanto, em leitura mais apurada dos volumes que referi no texto, verifiquei que o "Jornal das Cortes" publicou, em tempos, notas muito interessantes a respeito desta quinta e da sua ligação ao próprio romance de Eça de Queirós, "O Crime do Padre Amaro".
Muito interessante, motivo porque vou acrescentar esse pormenor ao meu "post".
Até breve.
Entretanto, estou em mãos com um assunto que requere a minha máxima atenção, motivo porque não o faço já.

Unknown disse...

Parece-me bem e com muito gosto estas iniciativas.
Qualquer uma das casas do Arquitecto Korrodi valem um estudo atento pela arte e bom gosto.

Veja a Villa Hortensia em frente o Mercado municipal e a Associação de Municipios na Rua José Jardim.

Parece-me que ainda existem mais em Leiria.

a d´almeida nunes disse...

Ando Há que tempos para publicar uma reportagem sobre a Villa Hortensia.

Muito bonita, sem dúvida. Mais um dos ex-libris de Leiria.

Maria Teresa Korrodi Sottomayor disse...

Muito bonita !!

João Vitorino Marques Cruz Froes Almeida disse...

A casa pertenceu tb a Joaquim Marques da Cruz, meu avô, e onde nasceu a minha mãe.

alf disse...

Meu nome é Alfredo pereira e esta quinta me diz muito pois foi aí que nasci em 1956.