MORTE SÚBITA
Mas
quem morre, que vida deixa à morte?
E
quem vive, que vida deixa à vida?
Aberta
a porta, a sombra se dissipa.
Para
quem ama, além de horror e cólera,
Existe
o amor, raio de sol na relva
E
relâmpago acima da floresta.
Para
quem vive, o dia sempre hesita
Entre
ser claro e escuro, longe e perto
E
miragem mirada no deserto.
Entre
o que vem e vai e parte e resta,
Quem
ama, morre e vive se prepara
Para
uma morte súbita na festa.
LÊDO IVO
Antologia Poética (*)
pp. 138
Ed. Afrontamento – Maio 2012
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Em tempo:
Descobri Lêdo Ivo tarde, talvez tarde em demasia.
Em vida era considerado o maior poeta do Brasil. E agora,
que morreu, inesperadamente?
Era membro da
prestigiada Academia Brasileira de Letras, onde ocupava a cadeira nº 10.
Nasceu em Maceió, capital do Estado de Alagoas, em 1924.
Morreu ontem, dia 23 de Dezembro, de ataque cardíaco, em Sevilha, , onde passava esta quadra
natalícia.
Para se ficar com uma ideia da sua personalidade e da sua
luta contra o modernismo de 1922, pode ler-se, por exemplo:
Verdade e Mentira
O mar às avessas:
As constelações
São navios.
A poesia é uma mentira.
As estrelas não são navios.
O céu é uma ilusão.
A verdade está na terra,
Nos navios ancorados
Ao longo do cais.
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1 comentário:
Obrigada por me dares a conhecer este poeta, de quem nunca tinha lido nada! Irei descobri-lo, pouco a pouco...
Abraço vizinho
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