2013/04/14

ACÁCIO de PAIVA - 150 anos do seu Nascimento


Numa altura em que o jornal de Leiria em que chegou a colaborar com inúmeros poemas sob o pseudónimo "Belarmino", "O Mensageiro", está em vias de ser encerrado, fechando-se um ciclo de 100 anos de atividade editorial na promoção dos valores católicos e da Região de Leiria, talvez seja oportuno publicar, aqui, nesta data comemorativa, o seguinte soneto:

Fazer um Jornal

Em muita gente é crença radicada
Que o trabalho que faz o pensamento
É simples, é brinquedo dum momento,
Que vale muito pouco ou mesmo nada…

Falsa suposição! É empreitada
Como, às vezes, erguer um monumento.
E a pena, à mão que a põe em movimento
Pesa mais, em geral, do que uma enxada.

Sabeis lá o que a folha mais barata
Representa de esforços, de canseiras,
De esgotamento que enfraquece e mata!

Crede: é mais fácil rebentar pedreiras,
Cavar bacelo ou carregar batata
Que escrever duas linhas sem asneiras!

Acácio de Paiva
Nasceu em Leiria (Casa “Pharmácia Paiva”)  em 14-4-1863
Morreu na sua casa do Olival ( Casa das Conchas) em 29-11-1944

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em tempo:
Pode ler-se uma notícia completa no semanário "Região de Leiria" de 11 de Abril de 2014, pp 12, acerca do novo projeto editorial em substituição dos jornais da diocese de Leiria-Fátima, "O Mensageiro" e "A Voz do Domingo".

@as-nunes

2 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Admiro-lhe a persistência... Mas existem poetas, hoje, condenados a tão severo silenciamento... se Acácio escrevia nos jornais em tempos idos, hoje em plena liberdade há poetas publicados, mas não lidos... julgo que o mal está na ausência de valorização da leitura...

a d´almeida nunes disse...

Concordo plenamente, Rogério.

Este caso de Acácio de Paiva é um caso singular, melhor, a raiar o pessoal/familiar.

Trata-se de um poeta/prosador/jornalista/cronista de teatro de revista e tauromaquia, foi Diretor do Século Ilustrado, redator no Diário de Notícias, Século. Dizia que publicar livros para ganhar dinheiro "tanto se lhe dava como se lhe deu..."
Usou dezenas de pseudónimos, alguns que até ele próprio, mais tarde já nem se lembrava dos nomes...

A minha mulher é sobrinha-neta dele.
Fez parte do júri dum concurso literário que, com António Ferro, desvalorizaram a "Mensagem" de Fernando Pessoa; uma história muito mal contada... parece que havia interesse em agradar à Igreja e foi um jovem padre que ganhou o prémio...

Um abraço