VERSOS AO MAR
Ai!,
o berço da tua voz,
e esse jeito de mão que tens nas ondas,
Mar!
Ai!,
o berço da tua voz,
e esse jeito de mão que tens nas ondas,
Mar!
Quando
eu cair exausto
sobre
as conchas da praia e fique ali
doente
e sem ninguém,
hás-de
ser tu quem me trate,
quero
que sejas tu a minha Mãe.
Há-de
embalar-me a tua voz de berço,
pra
que a febre me deixe sossegar,
e
hás-de passar, ó Mar!
pelo
meu corpo em chaga,
as
tuas mãos piedosas comovidas,
pra
que sintas por mim as minhas dores
e
eu sinta só o bálsamo nas feridas.
Como
se fosses tu a minha Mãe…
Como
se fosses tu a minha Noiva…
E
hás-de contar-me histórias velhas
de
Marinheiros…
Histórias
de Sereias e de Luas
que
se perderam por ti…
E
se a Morte vier há-de quedar,
toda
encantada, a ouvir-te,
e,
sem ânimo já me há-de quedar,
Toda
encantada, a ouvir-te,
E,
sem ânimo já de me levar,
sorrindo,
voltará por seu caminho
(não
na sentimos vir, nem ir, tão de mansinho
se
passou tudo, Mar!),
voltará
de mansinho,
pé
ante pé, pra não nos perturbar,
mas saudosa da tua voz de berço…
Sebastião
da Gama
SERRA-MÃE
Ed.
Ática, 1991
@as-nunes
3 comentários:
Bom dia Nunes e bom fim de semana.
Lendo este poema sentimo-nos numa praia deserta apenas sentindo a força, a fúria e o carinho do mar.
Exatamente, Luis, a força, a fúria e... o carinho do Mar!
O Sebastião da Gama já andava às voltas com o bacilo de Koch, com toda a certeza!
Um abraço português, o mar!...
Bom domingo
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