(neste preciso momento, 13h55, lá está a rádio a falar da descida das bolsas, como reacção à ameaça duma daquelas agências esquisitas, chamadas de "rating", da revisão em baixa dos bancos Italianos...)
No próximo Sábado, na Biblioteca Municipal, o Grupo de Cultura e Poesia de Alcanena, vai reunir-se para conversar sobre a vida e obra de Manuel António Pina, enquanto poeta, prosador e jornalista de reconhecidos méritos. Ou não lhe tivesse sido atribuído, recentemente, o Prémio Camões 2011.
O link com que abri este registo recorda-nos que Manuel António Pina escreve artigos de opinião com uma regularidade e actualidade excepcionais.
Duma forma sucinta mas concreta e acutilante lá está o seu sentido apurado para os casos do dia a dia, a aflorar questões que afectam e condicionam (quantas vezes duma forma determinante e obscura) o quotidiano e o futuro das nossas vidas.
Manuel António Pina começa assim o seu livro ""Poesia, Saudade da Prosa" uma antologia pessoal"", ed. Assírio & Alvim, 2011:
Arte poética
Vai pois, poema, procura
a voz literal
que desocultamente fala
sob tanta literatura.
Se a escutares, porém, tapa os ouvidos,
porque pela primeira vez estás sozinho.
Regressa então, se puderes, pelo caminho
das interpretações e dos sentidos.
Mas não olhes para trás, não olhes para trás,
ou jamais te perderás;
e teu canto, insensato, será feito
só de melancolia e de despeito.
E de discórdia. E todavia
sob tanto passado insepulto
o que encontraste senão tumulto,
senão de novo ressentimento e ironia?
-
Amanhã, provavelmente, virei aqui contar como correu o nosso encontro mensal de cultura e poesia, na Biblioteca Municipal de Alcanena.
@as-nunes
sob tanta literatura.
Se a escutares, porém, tapa os ouvidos,
porque pela primeira vez estás sozinho.
Regressa então, se puderes, pelo caminho
das interpretações e dos sentidos.
Mas não olhes para trás, não olhes para trás,
ou jamais te perderás;
e teu canto, insensato, será feito
só de melancolia e de despeito.
E de discórdia. E todavia
sob tanto passado insepulto
o que encontraste senão tumulto,
senão de novo ressentimento e ironia?
-
Amanhã, provavelmente, virei aqui contar como correu o nosso encontro mensal de cultura e poesia, na Biblioteca Municipal de Alcanena.
@as-nunes
4 comentários:
Nunes foi bom passar e ver as tuas escolhas e os teus programas,
Existem escritores, poetas e críticos actuais que desconhecemos quase na totalidade e que hoje nos relembraste aqui de uma forma excelente.
Aguardo o seguimento.
Olá António!
Um encontro onde a sensibilidade e posta a flor da pele e os contatos são marcantes. Belo programa!
Abraços.
Aliás só conhecia o MAP das crónicas no Diário de Notícias - e boas crónicas. Muito bem escritas e com uma ironia finíssima.
....
Ficaremos a aguardar as notas sobre o encontro.
Um abraço
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