2006/10/15

RECORDAR é COMUNICAR...



Corria o tempo dos tempos dos anos 80, princípios da década.
Uma das formas mais privilegiadas de comunicar com pessoas de todo o mundo era através das bandas de radioamador, na modalidade de fonia.
De preferência em onda curta, para contactos a longa distância, para países longínquos (hoje estão ao alcance de um clic!...). Quão emocionante era a expectativa no decorrer duma Chamada geral via rádio, na banda dos 20 metros, por exemplo, ao romper da aurora ou ao pôr-do-sol, os momentos privilegiados para conseguir que as comunicações se estabelecessem com países como o Japão, a Austrália, as mil e uma ilhas espalhadas pelo Pacífico, alguns países da Ásia (os que já permitiam alguma abertura dos seus cidadãos com o estrangeiro...), as Américas, enfim.
Com mais ou menos dificuldade, ouvíamos, quando menos esperávamos, uma resposta ao nosso CQ, CQ, CQ de CT1CIR (o meu indicativo ainda hoje), "calling anyone anywhere and listening! Over!..." repetido vezes sem conta quando a propagação dos sinais radioeléctricos não era fácil.
Estabelecido o contacto, trocávamos coordenadas (endereços postais, normalmente o P.O.Box, lembram-se? os apartados postais, que era mais fácil transmitir!...) para escrever-mos para os sítios mais exóticos e obter uma resposta a confirmar que fizémos aquele QSO (conversação via rádio).
O poema acima reproduzido foi a forma como uma radioamadora do Paraguai achou mais interessante para me confirmar o QSO. No verso do postal lá vinham os dados todos:
Indicativo, banda/frequência, Data-hora, sinal de recepção e mais umas palavras de saudação.
Não resisti a esta tentação de voltar a falar dos tempos românticos das comunicações, ante-Internet!
Que saudades!... Claro, os tempos agora são outros. O Mundo deu muitas voltas, muita água passou por debaixo das pontes, a tecnologia deu, entretanto, um Pulo de Gigante!...

5 comentários:

Kalinka disse...

Olá António
gostei de ler o relato da vossa vinda a Lisboa. Por azar ou sorte, precisamente na tarde do dia 7, quando a SIC avisou todo o Mundo, que ia fechar a Avenida da Liberdade, para fazer a sua festa de aniversário, ehehehehehe....

Por este post, sente-se que o «bichinho» ainda mexe dentro de si - Radio-amador. Saudades!!!
Pois, os tempos agora são outros e não vale a pena cantar: ó tempo volta para trás...
Abraços.

Chanesco disse...

Com que então macanudo, heim?
Lembro-me de, ainda não há muitos anos, num parque de estacionamento de um supermercado perto de onde moro ver um grupo que se juntava aos sábados à noite e ali permanecia até de madrugada nas suas viaturas a comunicar com o mundo.
Numa dessas noites foram cercados pela polícia e os que não tinham licença (a maioria) foram multados e ficaram sem o equipamento.

Hoje com o MSN e os blogs vamos e vimos ao lado avesso do planeta sem necessidade de licença nem de grandes malabarismos.

Saudações Raianas

Al Cardoso disse...

Como dizia o poeta: "...O mundo pula e avanca, como bola colorida entre as maos de uma crianca..."

Qualquer dia destes, tera que explicar melhor, porque as novas geracoes nao entenderam nada, nos os "cotas" e que ainda nos lembra-mos desses tempos, ainda nao muito distantes.

Ja foi ver o liberal, realmente os republicanos nao devem gostar muito de le-lo.

Um abraco serrano de New Jersey.

Alda M. Maia disse...

Vamos lá ver se, desta vez, o comentário é publicado. Parece-me que errei o login.
Gostei que tivesse escrito este post. Não concordo, todavia, com o seu tom de saudade. Que é isso, CT1CIR?
Os tempos, conforme vão avançando, são sempre outros: acha que a Internet destronou o rioamadorismo? Eu não creio. Usar os novos e moderníssimos meios de comunicação não depende da propagação das ondas electromagnéticas, das manchas solares, da perícia dos operadores, etc. etc.Os internautas são apenas utilizadores da nova tecnologia, nada mais.
Há lá nada que se compare com uma nossa chamadoa geral, lançada para o éter, responderem-nos dos lugares mais longínquos e sem que nós pudéssemos adivinhar, previamente, quem nos responderia? (E também sem sabermos se a propagação ajudará ou não!) Enfrentar um pile-up (uma tremenda barafunda de vozes) - mas enfrentar com ética - para obtermos uma estação rara que nos falta para um dos tantos diplomas, sobretudo internacionais?
Já que abordou este assunto, ande, continue e explique o que são DX's, diplomas, os almejados cartões de QSL, associações de radioamadores (parece-me que, nos CT'S, há necessidade de uma arrumadela!), enfim, de tantos outros aspectos, alguns socialmente úteis. Quem sabe se não despertará entusiasmos em quem, até hoje, nunca ouviu ou leu dissertações sobre este passatempo?! Atenção: é do radioamadorismo que falamos; nada que ver com os "macanudos" CB's.
Um grande abraço e, repito, gostei de o ter lido sobre esta matéria.
Alda

a d´almeida nunes disse...

KALINKA: pois a questão é que ando tão farto de televisão que nem tomei atenção ao facto da SIC ir comemorar para a Av. da Liberdade. Então mas aquela Avenida não é pública????
CHANESCO: Histórias antigas, dos tempos em que havia os piratas da Banda do Cidadão e os radioamadores encartados, devidamente licenciados pelo então chamado ICP - Instituto das Comunicações de Portugal que podiam e sabiam operar em todas as bandas.
AL CARDOSO: É verdade, o Mundo pula e avança...mas aquela sensação de fazer uma chamada geral via éter através do nosso próprio emissor/receptor, cabo de transmissão e pelos nossos próprios meios de irradiação do sinal de rádio, com antenas quantas vezes feitas por nós próprios, era e continua a ser uma maravilha.
ALDA: De acordo. as saudades existirão sempre quando nos reportamos ao passado. De qualquer modo o Radioamadorismo, o gosto de comunicar de viva voz, sem a muleta destas novas tecnologias, que nos fazem a papinha toda, qualquer dia até acabamos por sofrer alguma indigestão de TI e de fartura...Tanta fartura de novidades todos os dias...será que o Homem não vai acabar por perder o Norte? Já estamos tão dependentes dessas novas tecnologias que, sempre que elas falham - e isso acontece de facto e continuará a suceder - qual será no futuro a alternativa, quando formos ultrapasados pela tecnologia? Que será de nós quando ela, omnipresente e omnipotente, fizer "greve"? Estamos preparados para essa emergência catastrófica?
Nós já sabemos que NÃO!...
Então, que fazer?
Pois se nem a ONU é capaz de actuar para que o Homem não fique refém das Armas Nucleares!
???!!!...
Metemos a cabeça na areia como as avestruzes?