2007/05/16

Blogues e Jornalismo

Na semana passada o "dispersamente" mereceu o destaque no semanário de tiragem nacional "TAL&QUAL" conforme de pode ler ampliando-se a imagem acima. (clic)
Da leitura do artigo da responsabilidade daquele semanário, pode concluir-se do interesse que muitos dos
comentários aos posts assumem, quantas vezes até para complementar ou mesmo ajudar a esclarecer o conteúdo do próprio post. É o caso presente, em que um comentador acabou por ajudar a esclarecer o caso do tempo de permanência dos cartazes que anunciam obras públicas.
Mais uma atitude exemplar do que pode e deve ser a interdependência dos jornais com os blogues. Quanta informação não circula na blogosfera, que poderia ser, com proveito para todos os leitores, utilizada pela imprensa na devida oportunidade, daí resultando uma maior e mais completa divulgação pelos vários públicos.
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2007/05/15

ZéPenicheiro em Leiria

O Edifício Banco de Portugal – Leiria, que já vos mostrei neste sítio, várias vezes, é um local privilegiado para a organização de exposições, as mais variadas.
Visitei hoje uma exposição designada “LEIRIAJARDIM DE MEMÓRIAS” constituída por pinturas de Zé Penicheiro.
Já tinha ouvido falar de Zé Penicheiro, mas nunca tive oportunidade de ver ao vivo a sua pintura. Vi, revi e gostei.
Permito-me fazer minhas as seguintes palavras de
Fernando Fausto Almeida:
A pintura de Zé Penicheiro afirma-se como um fascinante exercício de rigor, equilíbrio, contenção e expressividade. Nunca o geometrismo das suas composições está inquinado por uma visão esquematizadora ou redutora, friamente académica ou superficialmente decorativista. Muito pelo contrário: aí culmina uma busca exigente e constante de captação do essencial, aí se exprime um olhar agudo, depurado e depurador. Ao serviço desta opção estética, refinando-a e acentuando-a, uma paleta de grande sobriedade, de onde o artista extrai matizes e efeitos surpreendentes.”
O próprio artista diz, no folheto promocional editado pela Câmara Municipal de Leiria, a propósito desta exposição:
Esta exposição procura expressar sinteticamente, o historial da cidade e a beleza singular da paisagem humana duma região, tão rica de costumes e tradições.
As gentes da terra e do mar têm aqui lugar.
Também a minha presença de agora em Leiria, assinala, neste ano de 2007, o ciclo comemorativo dos meus 50 anos de pintura
.”
O quadro nº 1 desta exposição é um “tríptico sobre Leiria”, uma composição que nos mostra aspectos característicos de Leiria, insinuando-se em três visões. Como “Leiriense”, que o sou por adopção, achei-o muito íntimo e extremamente expressivo.
A seguir apresenta-se uma digitalização da capa do folheto da exposição, através da qual tento transmitir as sensações e sentimentos por mim recolhidos nesta minha visita de contemplação e estudo.
Tenho que o dizer: lamento profundamente o reduzido interesse que a população de Leiria tem vindo a demonstrar em relação às várias exposições apresentadas neste belo edifício do princípio do séc. XX, integrando o Departamento de Cultura da Câmara Municipal de Leiria. Apesar dos, talvez, exagerados apelos através de grandes faixas colocadas na fachada do próprio edifício, o que, em contrapartida, não deixa apreciar, na sua plenitude, o perfil verdadeiramente representativo duma das principais obras da arquitectura de Ernesto Korrodi.
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* Aqui podem-se observar alguns quadros representativos do estilo do pintor.
* Esta exposição estará patente ao público até ao dia 8 de Junho próximo.

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2007/05/13

Chaminés anos 30



Tenho vindo a observar a existência de várias casas antigas com chaminés, dum modelo muito parecido ao desta fotografia. Ainda não consegui concluir da razão da existência deste tipo de chaminés. Se se reparar na fotografia ampliada verifica-se que a data inscrita se reporta ao ano de 1932. A verdade é que as que eu tenho fotografado nos últimos meses, e são muitas, têm datas inscritas muito próximas deste período do século XX. As minhas observações têm abrangido a área à volta de Leiria. Vou indagar o porquê destas chaminés com datas. Talvez signifiquem algo de interessante. A verdade é que não me recordo de ver deste tipo de chaminés noutros locais. A via que se observa em fundo é a variante em auto-estrada que liga a A1 ao IC2, entre Pousos e rotunda aérea da Cova das Faias.
Já agora também vos mostro (na foto do lado esquerdo) o sobreiro monumental e que deve ser muito antigo, cujos ramos se destacam em primeiro plano na foto da casa e da chaminé.

(clic em cima das fotos para obter excelentes ampliações proporcionadas pelo Picasa)
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2007/05/11

Terá que ser assim?

Gosto de Leiria. Adoptei esta cidade como sendo minha, do coração o digo.
Apesar de ter nascido numa aldeia do concelho de Viseu e de ter vivido vários anos no Porto.
Mas há dias em que nos pomos o observar o que nos rodeia e pensamos: será que não se podia evitar alguma desta balbúrdia, desarticulada?
É que não é fácil, deste ângulo, descortinar as maravilhas de árvores e plantas escondidas por detrás de toda esta profusão de automóveis com os seus escapes a todo o gás, os painéis, as faixas, os pneus a servir de suporte, os sinais de trânsito e, aquilo que não se vê, o ruído ensurdecedor dos automóveis, num fim de tarde dum dia de semana.
Estamos na zona do Parque Paulo VI e do Jardim Luís de Camões, em pleno centro histórico de Leiria.

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2007/05/09

Tertúlias blogosféricas

Vamos lá a ver se consigo descalçar o par de botas que me ofereceram e que eu aceitei de bom grado.
Os amigos “ideiaseideais” e “zé lérias” tiveram a amabilidade de me nomear como um dos blogues da sua predilecção, nos termos duma corrente de simpatia que circula pela blogosfera.
Estou-lhes muito agradecido mas colocaram-me um problema que, muito sinceramente, desde já me manifesto impotente para solucionar. Como é que eu vou continuar essa corrente nomeando um número reduzido de blogues da minha preferência? Como, meus amigos? Li as vossas reflexões e tentativas de justificação do critério adoptado para fazerem a vossa escolha. Mas desculpem que vos diga, devem-se ter visto em palpos-de-aranha para decidir. É que eu estou nessa situação, precisamente. Mas não sou dotado o suficiente para conseguir seriar três dos blogues meus amigos, aqueles que, instintivamente, ao longo deste quase ano e meio, passaram a fazer parte da tertúlia em que eu me sinto perfeitamente integrado.
Digamos que estou como que a olhar para este belo espécimen de cacto. Reparem na beleza das suas flores. Um espectáculo de cor, design, beleza. Pura luz e poesia. Mas saibam que, hoje de manhãzinha, para tirar esta foto, tive que lhe mexer para o colocar de feição para a máquina fotográfica. Apesar de ter tomado as minhas precauções, piquei-me…
Não queria ser desmancha-prazeres mas não consigo dar continuidade a esta cadeia. A não ser que me fosse permitido nomear todos os membros da minha tertúlia o que, manifestamente, não é do “regulamento”.
De qualquer modo muito obrigado pelas vossas nomeações. Desculpem esta indecisão. Decerto que me vão compreender!
Com um abraço do tamanho do Mundo!

* "dispersamente" em destaque no TAL&QUAL de 11 de Maio

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2007/05/06

Lufinha - Ribafeita - Viseu

Na senda de três entradas anteriores (Casal, Ribafeita, Covelas), aqui vos mostro, a última das povoações da freguesia de Ribafeita, que visitei, nos princípios de Abril. Como já tive ocasião de referir, naquele fim-de-semana de 4 e 5 de Abril, proximamente passado, tirei-me de cuidados e aproveitei a minha ida ao Casal, para estar com os meus pais, e lá fomos todos dar um giro pela freguesia.
Antes de regressarmos, a última das povoações que visitámos foi a Lufinha. Verdade seja dita, eu não conhecia esta terra. Parece impossível mas é verdade.
As fotos acima são as que me pareceram mais elucidativas desta aldeia. Tudo já muito alcatroado, novas obras em cimento, arquitectura standardizada, aliás como acontece por todo o país. Com tanta pedra granítica que existe nesta zona é com muita pena que se constata o uso e abuso do cimento, do ferro e do tijolo para construir habitações. É uma dor de alma ver a descaracterização urbanística de zonas do interior.
Que virá a ser da alma serrana e granítica das Beiras? A verdade é que se pode viver segundo padrões modernos sem necessidade de destruir, por substituição, o casario e outros vestígios típicos de cada zona, nomeadamente caminhos com calçadas e muros antiquíssimos, para além das próprias remotas estradas romanas.
Enfim...

* Se pretender observar o mapa da localização de Lufinha
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1ª foto: aspecto do coreto construído no limite da rua de S. Mamede. Se se ampliar a foto pode ler-se a placa e verificar que foi edificado em 2001, graças às boas-vontades dos habitantes;
2ª foto: A capela de S. Mamede, padroeiro da Lufinha. Aliás, ali à volta da povoação sente-se a presença imponente do monte de S. Mamede.


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Sorrisos

O Sol brilha de novo, depois de uma semana esquizofrénica...
Pena não poder gozar ociosamente este tempo maravilhoso...
Ando às voltas com prazos para cumprir tarefas profissionais mas continuo atento a este meu confidente e interlocutor infatigável, que é o "dispersamente".
Bom dia!
DIA da MÃE, mais precisamente! (ver arte por um canudo)

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2007/04/30

Alucinações!...

(clic nas fotos para ampliar)
Decididamente! Eu é que devo andar com alucinações!
Só vejo painéis publicitários a tapar a vista das coisas bonitas da cidade de Leiria!
As obras anunciadas por este placard já foram feitas há anos. Para quê esta bodega deste placard, ali a tapar-nos a vista, como que a embirrar com o nosso olhar...ou ao contrário? Caramba, já começa a ser de mais! Quer-se transformar Leiria na cidade dos placards?
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2007/04/29

22:45 tmg - Associação Portuguesa dos Veteranos de Guerra
Recentemente morreu um colega de trabalho e amigo, com 58 anos de idade. A este caso já me referi em duas entradas anteriores. Nos últimos anos, tivémos ocasião de falar várias vezes sobre a questão dos ex-combatentes das Guerras Coloniais e da luta que estes, através das suas associações espalhadas pelo país, têm vindo a travar com vista ao reconhecimento da sua condição de ex-combatentes, hoje com 60 e mais anos, na sua maioria. Essas reivindicações são várias e justas, na medida em que é urgente que o Estado Português reconheça as dificuldades físicas e psíquicas em que esses ex-combatentes vivem na actualidade, numa grande parte em consequência das terríveis experiências que foram obrigados a viver pelo facto de terem sido mobilizados para o ex-Ultramar, em plena juventude, e terem sido submetidos a situações de extrema tensão emocional, a sofrerem de difíceis situações de stress pós-traumático que os têm afectado para o resto das suas vidas. Não nos devemos esquecer que a maior parte destes jovens da altura, perderam em média 3 a 4 anos da sua vida a sofrer, lutar e morrer em vez de estarem a preparar-se para o início das suas carreiras profissionais, quantas irremediavelmente adiadas e/ou dramaticamente transtornadas.
Enviei para a APVG por e-mail o post em que me referia ao falecimento de José Manuel Solipa, ex-Alferes miliciano, atirador de Infantaria, em Moçambique na zona do Zambeze, perto da fronteira. A Direcção desta Associação manifestou-se muito sensibilizada por mais uma situação dum Veterano das Guerras Coloniais, que morre sem ter visto resultados minimamente palpáveis da longa luta que os sobreviventes têm vindo a travar contra o esquecimento e ostracismo a que foram votados todos estes anos (33 anos pelo menos; quantos, entretanto, já não ficaram pelo caminho?).
Aqui deixo o link para a APVG a fim de que os leitores deste blogue possam ter oportunidade de se informar sobre os objectivos perseguidos por este movimento cívico.
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18:00 tmg - Ainda a questão dos placards


Será só embirração minha?!
Eu queria era ver à vontade, o Jardim Luís de Camões, em Leiria!

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2007/04/28

À nossa volta

O campo aqui mesmo ao lado
Flores do meu jardim
Enternecimento enamorado
A manifestar-se assim

Como se pode ver!...
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2007/04/25

Carvalho com mais de 1.000 anos?

Fotografia de Guilherme Nunes de Moura (8 anos)

Fotografado no dia 25 de Abril de 2007. Talvez um Quercus canariensis ou Es P. Q. faginea Lam. (Carvalho-português) também típica da Península Ibérica, pode atingir 30 m. Tem folhas marcescentes, sinuado-dentadas, tormentosas na página inferior. (clic em cima das fotos para uma melhor observação).

Devo alertar os leitores, mais uma vez, de que sou um leigo nesta matéria, a fazer um grande esforço para proporcionar informação fidedigna, sempre na expectativa duma possível ressalva, como resultado de alguma chamada de atenção num comentário ou e-mail, ou por via de estudos mais aprofundados. Aproveito, também este ensejo, para, mais uma vez, realçar a qualidade e variedade de informação sobre botânica, que tem vindo a ser publicada no dias-com-arvores, um sítio que visito com muito prazer, frequentemente.

Para observar este mesmo carvalho, na altura ainda sem folhas, consultar link (aqui), local onde também se pode saber algo mais da história deste "monumento".

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25 de Abril de 1974
Aqui Quartel General do MFA

Canções populares
Marchas militares
Comunicados
33 anos são passados…

Quantas Emoções
Quantas Manifestações
Quantas Comissões

Quantas Ilusões!

Desfeitas?!...

Não
Quero crer que não!

2007/04/22

"Alcança quem não cansa" (3)

Sabem os meus amigos que o nosso colega bloguista e sentido poeta, Luís, o bufagato foi convidado pelo Vereador do Pelouro da Cultura da Câmara Municpal de Maia para participar e ser homenageado numa sessão pública na Biblioteca Municipal? Fiquei muito satisfeito por ter tomado conhecimento desta informação e só lamento não poder estar presente. Muitos parabéns Luís.
Penso que o ensejo é o apropriado para se chamar a atenção dos responsáveis pela Cultura neste país, no sentido de prestarem mais atenção às excelentes manifestações culturais e artísticas que se têm apresentado na blogosfera.
Não há que ter medo dos bloguistas nem da blogosfera. É que há momentos em que até parece que o fenómeno blogosférico é apresentado aos olhos do público em geral, como um demónio a combater e a ser votado ao ostracismo e indiferença, como forma de forçar a sua não visibilidade pelos que ainda não vêem à Net, ou porque não sabem, ou não porque não querem, por comodismo, ou não podem.
Seria bom que se atentasse com mais cuidado no que está escrito no Plano Nacional de Leitura. Uma das formas a dar particular atenção no sentido de promover o gosto pela Leitura deverá ser o Blog. Concordo plenamente, até pela experiência que já tenho destas andanças pela internet, a escrever e a partilhar dados e informação vária.
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Não queria deixar passar esta ocasião sem aflorar o facto de a Assembleia da República ter deliberado, muito recentemente, que eram horas de tratar de todas as formalidades conducentes à trasladação dos restos mortais de Aquilino Ribeiro para o Panteão Nacional.

A este propósito ocorreu-me que seria boa ideia falar sumariamente, embora, do livro daquele emérito escritor nacional, A Batalha Sem Fim, não só por ser um dos bons livros de Aquilino Ribeiro, mas também, pelas estreitas ligações do autor e do conteúdo desse livro com um lugar que muito me diz: a Praia do Pedrógão, concelho de Leiria. Aliás, a própria vida de Aquilino Ribeiro, está intimamente entrelaçada com aquele lugar e pessoas daquela zona, Coimbrão nomeadamente. Tanto assim é que existe no Pedrógão, uma rua com o seu nome.
Seguindo o que já está escrito sobre este assunto na monografia "Praia de Pedrógão - Locais, Gentes e Memória", Ed. Magno - 2006, de António Inácio Nogueira:
"Por volta de 1922 começa a escrever o romance A Batalha Sem Fim(1), onde nos conta a lenda da Cova da Serpa, retratando o Pedrógão de uma forma excepcional.
Na realidade, Aquilino Ribeiro andou pelas terras do Pedrógão e do Coimbrão, em 1922. Viveu alguns meses no Casal de Baixo, numa casa de Joaquim Ferreira Rocio. Era mais uma peregrinação de exílio, situação que sempre o fazia ausentar de Lisboa."
... Referindo-se a José das Neves Leal, um ilustre homem de letras, natural e com casa de família muito referenciada e bonita, no Coimbrão, o autor da monografia da Praia do Pedrógão, continua a escrever: "Na casa do Coimbrão foi fundada a Seara Nova, e comemorados os seus cinquenta anos. Por lá passaram, em diferentes circunstâncias, figuras ímpares da nossa cultura: João Soares (pai de Mário Soares), Eduardo Vieira, Almada Negreiros, Ary dos Santos, Adriano Correia de Oliveira, José Manuel Tengarrinha, Sotto Mayor Cardia, Alberto Ferreira, Fernando Namora, Alves Redol, Jaime Cortesão, Raul Brandão, Horácio Bio, Teixeira de Vasconcelos, Raul Proença, Câmara Reis, Augusto Abelaira, Carlos Eugénio, Humberto Gurreiro, Manuel Matias Crespo, António Reis, Adelaide Félix, Lopes Cardoso e Aquilino Ribeiro.
O Pedrógão deve a esta gente, pelo menos, a amizade que eles tinham a Aquilino. Se assim não fosse, hoje não haveria Batalha Sem Fim."
Aquilino Ribeiro morreu a 27 de Maio de 1963, precisamente na altura em que se preparava uma justa homenagem ao escritor. Tal era a amizade que unia o escritor a José Leal(4) que este livro lhe é dedicado expressamente.
O jornal, "O Século", a propósito deste livro escreveu, na altura: "As figuras do arrais Pedro Algodres, e a do filho José, embriagado de grandezas, assombram pela nitidez. A do senhor juiz de Leiria, Dr. Afonso da Cunha Leão, esqueceu a Eça de Queirós quando andou a documentar-se na cidade do Liz."
Este brilhante prosador português dá-nos, neste livro, imagens escritas do mais puro falar do povo português. Ora veja-se esta pequena frase dum diálogo entre o Algodres (que queria vender, por necessidade, a sua armação de pesca) e o Eudóxio, pelos vistos um rico proprietário da Ervedeira(2):
"...Rai´s abrasem tanto larápio como há em Portugal! ...
Logo a seguir, vem este excerto da narração do autor, a preparar mais um diálogo: "..."Perante a crónica excelsa, venerável nos coiros semiextintos da lombada, transpirando mais verdade que um missal, não soube o Eudóxio dissimular a sua emoção. Homem de letras gordas, para ler à vontade, sentou-se num madeiro que ali jazia. E estatelando em seguida o livro nos joelhos, depois de mirar e remirar com respeito, não isento de certa desconfiança, aquele tombo mágico, pôs-se a soletrar, enlevado como à missa, a passagem portentosa."...
Para rematar este post nada melhor que ler, de fio a pavio, os dois livros atrás referidos.
Actualização em 24-04-2007: É da mais elementar justiça reparar uma minha desatenção imperdoável, quando compus este post: o meu caro e ilustre amigo e bloguista Jofre Alves tem vindo a escrever sobre Aquilino Ribeiro com uma profundidade e riqueza de informação que seria muita pena que quem ler estas singelas notas não pudesse seguir este link do blogue http://couramagazinefoto.blogs.sapo.pt
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-(1) Bertrand editora, 1984. Edição comemorativa do centenário do nascimento de Aquilino Ribeiro.
(2) Por esta terra, a 15 km da Praia do Pedrógão, viveram várias pessoas de família.
(3) Era o ex-libris de Aquilino Ribeiro, que nasceu a 13 de Setembro de 1885, no concelho de Sernancelhe, freguesia de Carregal da Tabosa.
(4) Ainda o conheci e com ele tive o privilégio de conviver, a espaços.

2007/04/19

O Espinheiro


Ainda a propósito do post anterior em que eu me propunha apresentar-vos o espinheiro-alvar. Entretanto, fiz mais algumas observações e leituras e obtive a ajuda preciosa do amigo Augusto Mota. Aqui, à volta de Leiria, há muitos arbustos deste género, mas de espécies diferenciadas, como se consegue concluir ao se observarem em pormenor, in loco. As fotos acima são de dois tipos diferentes fotografados hoje de manhã, no meu jardim. O de cima tem frutos vermelhos e o de baixo ( o mesmo da foto do post anterior) tem estas flores espectaculares e frutifica em pomos de cor amarela, lá mais para o Verão.

Tentando clarificar a respectica classificação vernacular e científica:Na minha opinião de leigo na matéria, atendendo ao que julgo ter aprendido, a segunda foto refere-se a um pyracantha angustifolia porquanto: as suas braças, armadas com espinhos, são horizontais e graciosas podendo atingir quer em altura quem em comprimento cerca de 3 metros; cria cachos de flores brancas, que perduram desde o fim da Primavera até ao começo do Verão; as bagas em forma de maçã pequena podem ser vermelhas ou amarelas (amarelas neste caso) e persistem durante a maior parte do Inverno; tal como em relação a todas as pyracantha os frutos são muito apreciados pelos pássaros.(SE&O)

Na sequência destes posts fiquei a conhecer o Pilriteiro ou Espinheiro-alvar. Eis uma foto que tirei nestes dois dias, na Rua da Carvalha/Quinta da zona de Sta Luzia - Parceiros - Leiria.
Muito usado para sebes. Era o caso nesta zona rural, de grandes quintas (pujantes de agricultura, floresta e pecuária, noutros tempos), a transformarem-se, progressiva e implacavelmente, em grandes urbanizações.

Um dia destes talvez tenha oportunidade de lhes mostrar o quão fantásticas são as árvores que lá fotografei. Será que vão acabar por serem inexoravelmente abatidas para dar lugar a mais urbanizações? Há que parar para reflectir do que queremos fazer da qualidade da vida do Homem neste Planeta! Temos que nos mentalizar que o ritmo do chamado progresso material tem que ser controlado tendo em conta a Natureza, o princípio e o fim de todos os ciclos biológicos!...

Maldita ganância pelo dinheiro e pelo poder! A nossa perdição, não haja dúvidas!...

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2007/04/17

Em Covelas - Ribafeita

Covelas é uma das aldeias que fazem parte da freguesia de Ribafeita, entre Viseu e S. Pedro do Sul. Há uns meses atrás deixei uma nota neste blogue sobre o grande médico e escritor, Samuel Maia, que, no seu livro "Mudança d´Ares", ed. de 1916, descreve magistralmente toda esta zona. No trajecto do Rio Vouga, que se vê numa das fotos, ainda hoje existem as poldras a que Samuel Maia se refere naquele seu livro. A narrativa tem a ver com a travessia daquele rio dum grupo de amigos, a cavalo. Há um que escorrega nessas poldras e cavalo e cavaleiro caem à água. Risota geral, que se prolongou do outro lado do rio, e começo da íngreme subida representada pelas encostas quase a pique, sobre o Vouga.
Castanheiros, na ligação entre a Igreja paroquial de N. Sra. das Neves e Covelas

A capela da Sra. dos Remédios.


Já perto de Covelas, vista do Rio Vouga a serpentear no meio de bosques e penedos, por entre serras e montes...



A "Rua do Volta atrás" em plena aldeia de Covelas. A verdade é que, chegando-se a Covelas, só há uma saída: dar meia volta e regressar pelo mesmo caminho.

O silêncio de paz quase mítico da região alcandorada nos contrafortes destas ravinas escavadas em socalcos, ainda hoje aqui e ali cultivados e aproveitados para o pastoreio de ovelhas, empresta a este local uma sensação intensa de isolamento e de conformismo, que só quem estiver muito agarrado à terra e aos seus ares e olhares é que a conseguirá viver em permanência.
- Estamos a visitar a freguesia de Ribafeita. Já fomos ao Casal, a Ribafeita (zona da Igreja), agora Covelas.
Continuaremos proximamente com uma passagem por Lufinha
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2007/04/15

Regalos para os olhos - 1n

Um espinheiro em flor. Será o chamado "espinheiro-branco"(4) Crataegus monogyna Jacq. (Rosaceae). Virado a Norte, junto ao canil dos cães de cá de casa. (Actualização em 20/4/2007: correcção em post acima)
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A foto que apresenta não é do espinheiro-alvar. Parece-me ser de uma das várias Pyracanthas!(4)
Opinião de http://augustomota.multiply.com/ ,que teve a gentileza de me escrever. Revi a matéria e parece-me não haver dúvidas quanto a esta última classificação. 16-4-2007
A flor belíssima da pereira, tipo pera-rocha. Virada a Norte junto à parede de casa.

Será uma toutinegra? Ontem, à tarde, no meio duma carvalhita, no lote ao lado. Centro-Oeste de Portugal. Foto com objectiva a apontar para Norte.
Notas:
1) Espinheiro-alvar ou branco Crataegus monogyma é nativo da Europa, pode transformar-se numa árvore pequena e atingir 9 m. As suas flores brancas são fragrantes e abrem precisamente nesta altura do ano, no nosso país. Na Inglaterra esta floração dá-se à volta dos primeiros dias de Maio, daí se referir que são flores May Day (May 1). Dá um pequeno fruto vermelho que se pode manter até ao Inverno. (Botanica - by Random House Australia Pty Ltd - 2004).
2) Pereira Pyrus communis L. (Rosacea)
3)Toutinegra: faz parte do grupo das Felosas, toutinegras e rouxinói-dos-caniços. Pequenos migradores terrestres, insectívoros, de que o canto (chilro,gorjeio, trilo, trilado) , com frequência rico e melodioso, é a melhor identificação. (Aves de Portugal - 1978 Selecções do Reader´s Digest). Esta é uma designação comum a diversas aves passeriformes do género Sylvia, da família dos muscicapíde, encontradas na Europa, Ásia e África.(Dicionário Houaisse da Língua Portuguesa).
4) actualização em 17/4/2007
a)A foto dum espinheiro-alvar Crataegus monogyna pode observar-se no endereço http://augustomota.multiply.com/
b)Scientific classification
Kingdom:
Plantae
Division:
Magnoliophyta
Class:
Magnoliopsida
Order:
Rosales
Family:
Rosaceae
Subfamily:
Maloideae
Genus:
Pyracantha
In Wikimédia
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2007/04/14

mariola

Este é o gato da vizinha. Mas quando lhe cheira a petisco está sempre a postos. Os gatitos da ninhada do ano passado (de que já vos falei várias vezes) já o adoptaram como fazendo parte do grupo. Eu é que não estou a achar graça nenhuma ao assunto.
O mariola aí está, à coca!...

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Antigos Combatentes Portugueses

Mais um ciclo infernal da minha vida profissonal como TOC. Hoje é Sábado. O dia está bonito, cheio de Sol. Apetece andar na rua. Passear. Viver sem pressas. Sem prazos. Sem papéis e contas. Sem relatórios. Sem estatísticas. Ja é 1 e meia da tarde. Estou no escritório a pensar abalar daqui para fora, para já. Estou saturado.
Pus no leitor do computador, o CD de hoje, que vem com o "Público". Música Portuguesa. Daquela que ficou no ouvido das gerações de 60 e 70? Está a arrastar-me para a melancolia.
Antes de ir para a rua dei uma vista de olhos no jornal. No "EspaçoPúblico" ressaltou à minha vista um artigo assinado por João Mira Gomes, Secretário de Estado da Defesa Nacional e dos Assuntos do Mar. Escreve a lembrar a Memória dos portugueses sobre o significado de mais um Aniversário da batalha de La Lys, celebrada no passado dia 9 do corrente mês, Dia do Combatente Português.
E veio-me ao espírito questionar-me e às consciências em geral, do significado e da revolta emocional por tanta morte e sofrimentos inenarráveis dos combatentes de todas as guerras, em todos os tempos. E de todos os Zé Manéis Solipas que, não morrendo em combate, sofreram e desperdiçaram a sua juventude? E ficaram afectados na sua saúde psíquica e física para o resto dos seus dias! E, muitos, nessa sequência, acabam por morrer sem que isso pareça afectar a sensiblidade de quem tem a obrigação de zelar pelo equilibrado uso do poder legislativo sem o qual nada se pode fazer neste país. Como é da Constituição, aliás.
Por isso registei, com alguma expectativa, uma passagem da crónica do Snr. Secretário de Estado: "Também se está a trabalhar no regime mais geral dos Antigos Combatentes, através da revisão e regulamentação da Lei 9/2002.".
É que esta Lei já vem do tempo em que Paulo Portas detinha o mesmo cargo deste snr. secretário do actual Governo de Sócrates!
Não será tempo mais que suficiente para, duma vez por todas, se regulamentar com a justiça devida, esta Lei?
Que Deus nos oiça e inspire os homens que detêm o poder temporal de resolver esta questão candente dos Antigos Combatentes nas suas várias vertentes: rede nacional de apoio às vítimas de stress pós-traumático militar, correcção de injustiças na actualização de algumas pensões, contagem para efeitos de reforma da bonificação do tempo de serviço militar em zonas de intervenção operacional de 100%.
Não nos devemos esquecer que os últimos portugueses combatentes no ex-Ultramar já estão com 60 e mais anos! E que muitos, a maior parte deles, já nem sequer fazem parte do mundo dos vivos!
Haja moral! Faça-se justiça!

2007/04/13

É assim a Vida!

Morreu o Zé Manel

Vamos hoje, nós os familiares, amigos e colegas de trabalho, acompanhar o Zé Manel à sua última morada.
O Zé Manel tinha 57 anos de idade e trabalhava comigo há 16 anos. Um amigo que dificilmente se vai esquecer. Já se estava à espera deste desfecho...há uns meses. Acompanhámos o definhar inexorável da sua vida, sempre na secreta esperança (que nós sabíamos que também era a dele...) de que pudesse ocorrer um milagre, durante 6 meses... contados quase ao minuto...principalmente pela família.

Como em tantos e tantos casos, segundo MANDA a Natureza, Deus!
Nestas alturas a nossa memória como que se aviva. E recordamos! Recordamos muitas passagens das nossas vidas entrelaçadas pelas circunstâncias de cada momento.
Como andámos os dois na tropa, no tempo da Guerra Colonial em Moçambique, fins dos anos 60, tínhamos frequentes conversas sobre o que então passámos, especialmente ele. Parece que o estou a ver a calcorrear com o seu pelotão(**), debaixo de qualquer tempo, sob o olhar felino do adversário (aqueles que nos diziam na recruta e na especialidade, que era o IN(*) ), aqueles trilhos e picadas ao longo do caminho de ferro do Zambeze, a fazer a segurança daquela linha de comunicação e comércio, vital para os objectivos militares dos altos comandos, que ligava a cidade da Beira à Barragem de Cabora Bassa. A sede que, no decorrer das operações militares, lançados à sua sorte durante semanas, no mato, os obrigava a beber água nas piores circunstâncias imaginárias. Bem que levavam uns comprimidos para "tratar" a água mas nós bem sabemos a protecção que essa precaução lhes proporcionava. Os ataques de paludismo que teve de suportar, as mazelas que essa espécie de malária nos deixou no sitema hepático. Digo-o com experiência própria. Não integrei grupos operacionais de combate , mas sofri na pele os efeitos do clima, particularmente o paludismo. E não só eu, também a Zaida(3).

O Zé Manel morreu em consequência duma grave e irreversível doença do seu sistema hepático!
O José Manuel Solipa era um dos que faziam parte de Associações de ex-Combatentes, que têm continuado a luta pela defesa de alguns reconhecimentos do Estado pelas condições difíceis que vivemos em defesa da Pátria Portuguesa, aquela que Camões e Fernando Pessoa tão magistralmente cantaram e louvaram. Mas que também, como nós, os vivos (ainda!...), recriminamos pela falta de solidariedade para com aqueles que deram os anos áureos da sua juventude, quantas vezes a própria vida, em sua defesa!
Que, no mínimo, em honra dessas vidas sacrificadas, se olhe pelas condições de vida dos sobreviventes, uma grande percentagem a sentir problemas de saúde. E que cada vez somos menos, como podemos constatar todos os dias. Nem quero acreditar que seja esse o objectivo ao se adiar, sine-dia, várias questões reivindicadas pelas Associações de Ex-Combatentes.

Já agora, uma reivindicação básica: que se conte, para efeitos de aposentação e reforma (o Zé foi dos milhares e milhares que contribuiram financeiramente para o sistema de segurança social, sem qualquer retorno...) a bonificação do tempo de serviço militar prestado em zonas de intervenção a 100%. Aquelas em que morríamos em combate. E ficávamos feridos e estropiados! E não foram tão poucos como isso!
Muito mais(2) haveria para dizer da vida e do meu relacionamento com o Zé Manel!...

O resto ficará para outra altura...

Descansa em Paz, Zé Manel!...

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(**) Foi Alferes miliciano
(*) IN - inimigo
(2) O Solipa foi jogador de alto gabarito no Sport Clube Leiria e Marrazes (1965 a 1969?)

(3) Pois é. Também esteve em Nampula, enquanto prestei parte do meu serviço militar. Apesar de tudo, fui um privilegiado, que era da Administração Militar.