2006/07/19
Súplica ao Homem
Deus criou o Homem à Sua imagem
E o Homem, na sua mesquinhez, achou-se Deus.
E ignorando Deus
Ou em nome de Deus
Pecou
Blasfemou
Lutou
Matou
E ignorando Deus
Ou em nome de Deus
Cortou florestas
Abriu estradas
Desviou rios
Construiu arranha-céus
E ignorando Deus
Ou em nome de Deus
Continuou a pecar
A blasfemar
A lutar
A matar
E um dia, do alto do seu orgulho
Olhou a Terra e exclamou:
Homem, venceste!
Pecaste
Blasfemaste
Lutaste
Mataste
Mas a Natureza está feita à tua medida!
Na sua mesquinhez esquecera-se de Deus
Esquecera-se que não era Deus.
E numa manhã de Dezembro
Em poucos minutos apenas
A Natureza em fúria
Mostrou ao Homem o Seu poder
E foi a destruição
O luto
A dor
O sofrimento
Por momentos o Homem reparou que não era Deus
Mas depressa o esqueceu
E ignorando Deus
Ou em nome de Deus
Voltou a pecar
A blasfemar
A lutar
A matar
Homem, PÁRA!
Já é tempo de respeitares Deus
De respeitares a Natureza
De te respeitares a ti próprio!
--
Zaida Paiva Nunes
In "Pedaços de Mim"
col. 25 Poemas
Ed. Folheto-Leiria-2005
---
O momento que a Humanidade atravessa em que se continua a lutar e a matar por motivos quase que incompreensíveis, aliado à notícia de um novo cataclismo natural, justificam a reprodução deste poema. A autora, ela própria, me pediu a sua inclusão neste blog, em jeito de SÚPLICA A TODA A HUMANIDADE.
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6 comentários:
Belíssimo poema!! A Sra. Zaida Antunes é uma sua familiar? Se o é, posso mandarlhe, através de si, um grande abraço?
Também tenho uma tia (94 anos!) que se chama Zaida e uma sobrinha, no Brasil, com o mesmo nome - nome que sempre achei bonito.
Um abraço
Alda
Emendo o erro em "mandar-lhe" (faltou o tracinho)
Alda
A Zaida (Nunes) é a minha mulher.
Por sinal entusiasmou-se e está a construir um blog sobre gatos. É o htt://gatimanhos.blogspot.com
Está a tentar manter o ritmo de 1 post por semana.
Está a ficar muito completo e bem estruturado (estou eu a escrever...mas é o que penso).
A Zaida agradece o seu comentário e retribui-lhe o grande abraço.
Viva!
Um grande bem haja por ter incluido no seu blog um poema tão belo, que apela à razão destes Homens que somos nós que de cabeça desvairada apunhalamos o nosso próprio coração.
Uma saudação muito especial à Senhora sua esposa, autora de tão digno poema.
Obrigado a ambos!!!
Caro amigo
Muito obrigado pelas suas palavras.
Todos os contributos que possam valorizar este blog é claro qe são bem vindos e nem hesito em publicá-los. É o caso, apesar de a autora não gostar muito de elogios. Só que quando são verdadeiros não tem que gostar ou deixar de gostar. Nós, os seus leitores, é que fazemos o julgamento.
Não concorda?
A verdade é que o Homem anda de cabeça perdida, o que aliado ao fanatismo imposto pelas religiões se está a transformar numa arma de destruição maciça, o que já não é só retórica, como bem sabemos e já se confirma no terreno. Já andam para aí misseis de longo alcance a cruzarem os ares como se fossem simples pássaros...
Onde vamos parar?
Se acreditam em Deus, seja ele qual for, e na Vida para além da Morte, porquê transformar a Terra, nosso poiso nesta vida, num verdadeiro INFERNO?...
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