2006/11/09

O Funcionário Público

Então não saiu assomadiço,
terrível, assanhado como um gato,
esse manga d´alpaca timorato,
por tradição tão manso, tão submisso?

- Ah! Vocês não me pagam? Ele é isso?
Vocês supõem que não quebro um prato?!
(Exclamou). Pois vão ver como eu os trato!
E pronto! Nunca mais foi ao serviço.

O triste resultado viu-se em breve;
o abalo em toda a parte foi profundo;
o mal que produziu não se descreve.

Imaginem agora que os secundo.
Se os sonetos suspendo e faço greve
não há que duvidar! Acabou o mundo!

Acácio de Paiva
Insigne poeta Leiriense

(1ª metade do séc. passado...)
-
Há dias estivémos na sede do "Rancho Folclórico Rosas do Lena" num Sarau de Poesia e Música e a Zaida, muito naturalmente (Acácio de Paiva era seu tio-avó e os seus poemas foram objecto duma recolha exaustiva em 1988 e publicados em livro pela Câmara Municipal de Leiria) disse este poema, ressalvando que os funcionários públicos lhe desculpassem a ousadia mas, bem vistas as coisas, até se pode concluir que sem funcionários públicos como é que as Instituições do Estado haveriam de funcionar?
É assim que a sociedade está organizada. É assim que teremos de viver!
E mais: quer a Zaida quer eu já fomos funcionários públicos e deixamos de o ser de livre iniciativa.
Não nos esqueçamos, contudo, que o Estado somos TODOS nós!...

7 comentários:

a d´almeida nunes disse...

http://leiria.no.sapo.pt/acacio.html

Seguindo este link pode-se saber mais das circunstâncias em que Acácio de Paiva escreveu este soneto...
Ele próprio, funcionário público que foi, também, em determinada altura da sua vida.

Anónimo disse...

gostei de ler soneto, mas tu nao leste bem o meu post: aminha aldeia chama-se Avelas de Ambom e nao Valbom. A localizaçao esta no mapa que postei ha dias atras; fica a cerca de 12 kms da Guarda, em direcçao a Pinhel.

Vem visitar-nos qd quizeres.

a d´almeida nunes disse...

Bem me parecia que o nome me estava a soar a coisas mais lá do Norte.
Ok avelana, aliás já devo também uma visita a Mêda, mais propriamente à freguesia da Barreira.
Repito: o blogue está muito simpático e parece-me que estão a conseguir dar visibilidade à vossa terra, que é bem bonita, a avaliar pelas vossas reportagens.
Pés(volante) ao caminho...

Tozé Franco disse...

Também eu deixei de ser funcionário público por opção.
Ainda hoje ouvi dizer que as empresas não vão sentir muito a greve, pois já aprenderama lidar com a ineficácia do Estado. O problema são as outras pessoas, as que esperam mais de um ano pelas consultas, etc etc....
Cmo metade da máquina pública trabalha para sustentar a própria máquina, chegamos à conclusão que são os próprios serviços os mais prejudicados.
Quanto ao Estado sermos todos nós, amigo António, pelos vistos somos mais uns do que outros...
Um abraço.

Anónimo disse...

Bom fim de semana

Anónimo disse...

Eis aqui para desejar um óptimo fim-de-semana, enquanto aprecio esta página, sempre atractiva, eternamente interessante, continuamente apelativa, por todos os motivos. Um hábito que se tornou imprescindível, claro, porque a qualidade é muita, como se vê neste lindo poema, que gostei imenso. Obrigado pelas suas gentis palavras no meu blogue. Ser funcionário público, não é, contudo, uma praga, embora hoje assim parece...

a d´almeida nunes disse...

Ora aqui está um risco calculado que corri ao publicar este post.
Na verdade, penso que não é difícil perceber que pelas minhas notas colocadas neste blog pretendo tão somente conversar, trocar impressões com os meus amigos que me fazem o favor de se dar ao trabalho de ler o que por aqui se vai prantando.
Por vezes uns temas são mais delicados...mas isso não nos deve inibir de publicar se assim o enterdermos. Sempre na perspectiva da oportunidade e da nossa corrente contínua do pensamento e da divagação...
Mas sabe bem ler comentários como os seus, caro Jofre Alves.