2006/11/26

Um livro de 1916 - Samuel Maia

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.Não conhece o médico e ilustre escritor Samuel Maia?
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Nome: Samuel Domingos Maia de Loureiro
Nascimento: 1874, Ribafeita, Viseu
Morte: 1951, Lisboa
Médico, romancista, poeta e dramaturgo

Em 1929, um artigo no parisiense "Le Figaro"(*) sobre os escritores mais importantes de Portugal refere-se a Eugénio de Castro, Augusto Gil, António Nobre, Aquilino, Samuel Maia, Lopes de Mendonça e Ferreira de Castro (FRANÇA: 129). Ou seja, o ´autor viseense gozava então de uma incontestável centralidade, o que, talvez por força dos modismos, até dos próprios profissionais da literatura, não se verifica na actualidade.` (Martin Sousa)
Também já me referi a Samuel Maia em post anterior.
Hoje volto a este assunto derivado a uma circunstância algo invulgar. Há dias recebi um e-mail com remetente que se identificou como sendo de Leça da Palmeira e que me anunciava que tinha de sua posse o livro “Mudança d´Ares” de Samuel Maia.
Muito gostaria de saber das voltas que este livro terá dado desde a data da sua publicação em 1916. O meu interlocutor refere-se ao espólio de uma herança e que tinha muita pena se este livro acabasse por ter um destino menos digno. Soube que eu me interessava pelo trabalho de Samuel Maia, através de tentativas ensaísticas publicadas na Net baseadas no trabalho de Martin Sousa. Por sinal, este investigador, na altura da publicação do seu trabalho, mostrava-se indeciso quanto à data da publicação deste livro: 1915?1916?
Resumindo e concluindo: aquele livro acabou por me chegar às mãos.
Foi com grande emoção que o folheei, muito velhinho mas conservado, com todas as folhas, capa e contracapa. Trata-se de um romance, muito entrelaçado com cartas de Lisboa para a Beira Alta e vice-versa. Foca interessantíssimos aspectos da vida daquela época, quer na cidade de Lisboa, quer nas terras do interior Beirão, centralizado muito na zona da freguesia de Ribafeita, em Viseu – segundo as minhas deduções, após a sua leitura.
Mandei-o encadernar, aqui em Leiria, numa oficina que tem um Mestre nesta arte, pessoa idosa, com uma sensibilidade para este tipo de trabalhos fora do vulgar. Diz que, lamentavelmente, já não há quem queira aprender aquela arte.
A minha emoção é mais particularmente intensa porque o Dr. Samuel Maia foi uma figura incontornável ligada à minha aldeia natal. Foi senhor da Quinta do “Cimo do Povo”, uma referência importantíssima para o lugar de Casal, ainda hoje, e que continua nas mãos de um seu neto.
Tempos houveram em que a população do Casal de Ribafeita vivia, numa grande medida, do trabalho "à jorna", nas terras do Dr. Samuel Maia, que eram muitas.
Ainda me lembro, nas minhas frequentes e prolongadas idas à aldeia, de ver grupos de mulheres a irem “para as ceifas” da cevada e do centeio. À noite juntavam-se todas numa grande sala, lá dentro uma grande mesa, na qual ceavam à farta.
Também fazia parte da “paga” a autorização para ir apanhar em determinado dia, cerejas das boas e vistosas cerejeiras, que havia nas ditas propriedades do Dr. Samuel Maia/herdeiros.
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(*) A referência, no documento guia, ao parisiense "Le Monde" só poderá ser entendida como um lapso do investigador com cujo trabalho me iniciei neste meu modesto estudo com as motivações que já expus. De facto, o jornal parisiense que circulava na época em análise chamava-se "Le Figaro", fundado em 1854 e que acompanhou de perto os movimentos literários do Naturalismo/Positivismo e do Simbolismo. Samuel Maia começou por ser um Naturalista convicto, bastando para isso reparar nos seus trabalhos sobre a vinha e o vinho, entre outros.
O "Le Monde" relacionando-o com o famoso jornal parisiense da actualidade foi fundado em 1944.
Agradeço também a ajuda preciosa de quem me tem dado umas dicas por e-mail.

Em tempo: (26 Out 2013):

Rntretanto, escrevi um livro "Falando de Acácio de Paiva", ed. da Junta de Freguesia de Leiria, 2013, em que faço vaárias referências a "Samuel Maia" pelas suas íntimas ligações literárias, jornalismo e amizade que manteve com Acácio de Paiva. Muito se pode ler consultando este blogue em "Acácio de Paiva" e, principalmente, o livro.
Brevemente, penso poder disponibilizar o livro on-line.

2006/11/24

Os Blogues anónimos e os outros

=Hoje há dois posts=

O semanário “Região de Leiria”, saiu hoje com uma extensa reportagem sobre “o mundo dos blogues”.
Em síntese, essa reportagem pretende relacionar os blogues com cinco chavões a que deu especial ênfase: Denúncia, calúnia, propaganda, política, boato. Reportagem essa que é apresentada em 1ª página com a foto/montagem que se reproduz a seguir.
Não me vou alongar em grandes considerações acerca dos possíveis objectivos mediáticos daquela reportagem. De qualquer modo a ideia com que fiquei foi que se pretendeu passar para o público uma ideia menor do que é o mundo dos blogues.
Só para vossa orientação, caros leitores, aqui deixo alguns sub-títulos desse trabalho:
Blogues agitam política local;
Autarcas negam acompanhar os novos fóruns electrónicos;

Partidos atentos;
Do blogue para o tribunal;
Foi você que pediu um boato?;
Anonimato não é uma garantia absoluta;
Padre blogger sem papas na língua;
As caras por detrás dos blogues.
Referindo-se aos blogues da região constata-se que foram referenciados:
Ourém- 6; Pombal – 5;Porto de Mós – 5; Leiria – 1; Batalha – 3
Como se pode ver, Leiria enquanto concelho, capital de Distrito, só lhe descortinaram um blogue.
Eu sei que há mais…

Centenário de um grande poeta - ANTÓNIO GEDEÃO

Rómulo Vasco da Gama Carvalho, o nosso António Gedeão, nasceu em Lisboa em 24 de Novembro de 1906 e morreu também em Lisboa em 19 de Fevereiro de 1997.
Escreveu os seus primeiros versos com 5 anos de idade:
"Era uma vez um menino
Que não era nada feio
O que tinha de extraordinário
Era um feitiço no meio"


IMPRESSAO DIGITAL

Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.

Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.

Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros, gnomos e fadas
num halo resplandecente.

Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.

Vê moinhos? Sâo moinhos.
Vê gigantes? Sâo gigantes.

António Gedeão

2006/11/22

"O sonho é ver as formas invisíveis" - Fernando Pessoa

A Carolina vem a caminho.
Vou ser, mais uma vez, avô no feminino!
Estou muito contente!
E a avó, toda vaidosa, já foi “pôr a render” algumas economias!
Olhem-me só para isto!...




Do Sonho à Realidade

Em sonhos eu vejo-te
em sonhos eu sinto-te
em sonhos eu oiço-te
em sonhos eu sorrio-te
e tu sorris-me

Em sonhos vejo-te
e já te amo muito
Carolina

E sonho com o dia
em que,
milagre da vida e do amor,
poderei ver-te, sentir-te,
abraçar-te…
e orgulhar-me
de ser novamente
AVÓ.

Zaida

2006/11/19

Um Sábado em pleno

De manhã. Jardinagem. E creiam que não foi só como passatempo. Isto de se ter um jardim concebido e mantido por um casal de pré-velhotes (?!...) começa a ser uma tarefa um tanto pesada. Mas as contrapartidas são compensadoras. Esta cumplicidade que conseguimos manter com as plantas, árvores e arbustos, as flores, caminhos rústicos (construídos com o tempo e ao sabor da forma como a água das chuvas corre em dias de muita precipitação) é realmente um bálsamo retemperador das forças que nos vão faltando e que dia a dia nos vão pondo à prova!...
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De tarde lá foi a família toda ver o Gui às piscinas Municipais de Leiria a participar no "Festival dos Tubarões".
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À noite, começámos por ir à "Festa da Luz" na Igreja do Telheiro. O Gui, no 3º ano de catequese, foi participar na cerimónia, muito simbólica nesta fase de sensibilização para a religião católica, do reacendimento da vela do baptismo. A cerimónia consiste em renovar a Luz da vela do baptismo com a luz recolhida do Círio Pascal.
Uma cerimónia cheia de simbolismo e carregada de significado...

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A partir das 21 horas, sessão de lançamento do livro "Artur Agostinho" - 50 perguntas, da autoria de Adélio Amaro, que passará a ser o 1º de uma nova colecção que vai apresentar várias personalidades de relevo nacional utilizando o formato "50 perguntas, 50 respostas".
O Autor e o personagem central do livro, Artur Agostinho, presentearam a asistência com brilhantes palestras.
A apresentação do livro esteve a cargo do Dr. Acácio de Sousa, Director do Arquivo Distrital de Leiria.
Todos os membos da Mesa usaram da palavra, permitndo-me eu, refeir a intervenção da Dra. Emíla Maria Agostinho, presidente da Associação humanitária "A nossa âncora", a favor da qual reverte uma parte da receita da venda deste livro. Custa somente 10 euros.
Através da sequência fotográfica que a seguir se apresenta poder-se-á ficar com uma ideia do quão interessante se revelou este serão:


Da esquerda para a direita: Adelino Mendes, em representação do Governador Civil de Leiria; Acácio de Sousa, Adélio Amaro, Artur Agostinho, Isabel Damasceno (Presidente da C.M. de Leiria), Américo Batista Santos (Juiz jubilado) e Emília Agostinho (filha de Artur Agostinho). Na parte extrema da esquerda da Mesa estava presente Vitor Ramos, artista plástico e indefectível amigo de Artur Agostinho, que estava no uso da palavra e não ficou nesta fotografia, visualmente, mas as suas palavras pressentem-se, pelo menos para quem o conhece e para quem esteve no Auditório da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Leiria.


Mais pormenores sobre esta nobre associação em www.anossaancora.pt

Grupo Coral Cantábilis sob a orientação do Maestro Vicente Narciso. Uma brilhante actuação, interpretando "Camarinhas" (1 das 1027 recolhas do Cancioneiro Popular da Câmara Municipal de Leiria), "Um pequeno quadro", de Afonso Lopes Vieira e "Leiria", de Marta Azevedo.

Tuna "Tuma Acanénica da Escola Superior de Educação de Leiria", organizadora que é do "Real Festival das Tunas Académicas", no decorrer do qual atribuem o Prémio D. Dinis, seu patrono.

Interpretaram "Fausto", "Fado a Leiria" e "Serenata".

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Seguiu-se uma sessão de fados pelo grupo "Entre Linhas". Uma actuação muito agradável.

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Por último, teve lugar a sessão de autógrafos concedidos pelo autor, Adélio Amaro e pelo homenageado, Artur Agostinho, que foi quem me deu, nessa altura, a triste notícia de que o Benfica, que jogava nessa noite, tinha acabado de perder 3-1 com o Braga. Mais um ano de desengano no horizonte dos Benfiquistas!...

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* Mais pormenores sobre este livro em

http://dispersamente.blogspot.com/2006/11/um-livro-sobre-artur-agostinho.html

e http://folhetoedicoesdesign.blogspot.com

2006/11/17

Snra. Doutora, minha irmã



Irão desculpar-me os leitores deste pobre blogue, tão disperso, tão beirão, intimista também.
Não posso, não quero resistir à vontade que tenho de fazer alarde que a minha irmã mais nova acabou de se Doutorar em "Linguística Portuguesa" na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Como não tenho de minha posse, para já, outro material mais recente, deixo aqui, expostas, a capa (acima) e a contra-capa (parciais), dum seu livro baseado na tese de Mestrado na mesma área do recente doutoramento:

Edição: Imprensa Nacional-Casa da Moeda

Capa: Luis Moreira

ISBN: 972-27-1187-3

(Colecção: filologia portuguesa; dirigida por IVO CASTRO)


2006/11/16

CARTOONISTA F´SANTOS em destaque



Em S. João da Madeira, na cidade onde existe a única fábrica de lápis portuguesa, vai ser inaugurada, no próximo dia 17, sexta-feira, pelas 19 horas, a exposição “O Sorriso do Lápis”, que reúne um conjunto de “cartoons” do arquitecto Ferreira dos Santos. Este autor, premiado internacionalmente, nasceu em Cucujães e desde 1970 que tem publicado os seus trabalhos dedicados, muito especialmente ao Urbanismo e ao Ambiente, na comunicação social portuguesa e estrangeira.
Notícia inserta no http://www.oregional.pt
É claro que não podia deixar passar esta informação em falta.
Trata-se tão simplesmente, do meu amigo e cartoonista, F´Santos. Eu sei que o tratam familiarmente por António e que isso não o incomoda nada. Aliás, nem veria razões para isso. Os António´s são uns tipos porreiros!...
Os cartoons que têm sido publicados neste blog têm constituído uma preciosa e graciosa colaboração da sua parte.
Obrigado "antonio". Até nem seria má ideia dar uma saltada a S. João da Madeira...

2006/11/15

ANACOM, a PT, a SONAE e o GOVERNO

Afinal, o que se passa? ...
Muito se tem falado ultimamente sobre a influência da chamada ANACOM (Autoridade Nacional das Comunicações) sobre o andamento do presente processo da célebre OPA da Sonae sobre a PT.
A última polémica que se está a levantar tem a ver com as divergências entre a Adc (Autoridade das comunicações)e a ANACOM sobre a necessidade de se dispor de mais tempo do que o que estava previsto inicialmente para se pronunciar em definitivo sobre as condições em que o mercado das comunicações passará a funcionar em termos de competitividade e concorrência, após a efectivação da compra da PT pela SONAE.
O Presidente da Adc e o Ministro das Obras Públicas e Transportes pelo que já se está a ver na comunicação social andam de candeias às avessas: a ANACOM mantém a sua posição de intransigência quanto à necessidade de se ponderar esta questão de relevância fulcral para o futuro das comunicações em Portugal. A Sonae e o Governo invocam os graves transtornos que estão a ser causados a várias partes com esta dilação do prazo inicial.
A verdade é que:
A ANACOM é, pois, a autoridade reguladora das comunicações postais e das comunicações electrónicas, conforme resulta da própria lei de bases dos serviços postais (artigo 18º da Lei n.º 102/99, de 26 de Julho) e da lei das comunicações electrónicas (artigos 4º e 5º da Lei n.º 5/2004, de 10 de Fevereiro).
...
A ANACOM tem por objecto a regulação, supervisão e representação do sector das comunicações.
Para o efeito, são atribuições da ANACOM:
1 - No âmbito da regulação do mercado: garantir o acesso dos operadores de comunicações às redes, em condições de transparência e igualdade; promover a competitividade e o desenvolvimento nos mercados das comunicações, nomeadamente no contexto da convergência das telecomunicações, dos meios de comunicação social e das tecnologias da informação; atribuir os títulos de exercício da actividade postal e de telecomunicações; assegurar a gestão do espectro radioeléctrico, garantindo a coordenação entre as comunicações civis, militares e paramilitares, e a gestão da numeração no sector das comunicações
.”
...
Portanto, o que se passa?!…
--- continuação ----
... A saga continua>>>>>>> 16/11/2006 (conforme Diário Económico acima)

2006/11/14

Um destaque digno de registo...

Está-se a falar de Acácio de Paiva, Insigne Poeta Leiriense. A casa onde nasceu, em Leiria, no Largo da Sé.



Uma placa de homenagem a Acácio de Paiva na fachada da casa onde nasceu.

Um fragmento duma criação em letra gótica com alguns excertos de poemas seus. É visível o bucolismo destes seus versos, associados aos rios Lis e Lena, que se juntam, à saída de Leiria, e lá seguem unidos, pelos campos fora em direcção ao mar da Vieira.
Viveu os últimos anos da sua vida em Olivais - Ourém:
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"Neste lugar pitoresco, encontra-se uma artística residência rural onde viveu a família do poeta Acácio de Paiva. No pátio abarrocado chama a atenção a fonte de pedra setecentista."

2006/11/13

OLÁ!




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.Hoje apetece-me apresentar esta aguarela, tão simples e tão cândida como um MENINO.

Digamos que podemos imaginar um menino, o mês de Novembro a acenar para o Inverno, a que se seguirá a renovação da vida...

2006/11/12

LEIRIA - História de uma estátua



O Rossio (será esta a toponímia que vai ser adoptada para se designar a zona entre a fonte luminosa e o ex-Paço do Bispo) em Leiria tem andado num grande reboliço já há quase um ano (quer dizer, a presente fase, Jardim Luís de Camões e toda a área envolvente. Há vários anos que o centro de Leiria anda em obras de requalificação, com os comercientes do Centro Histórico à beira de um ataque de nervos, dada a quebra brutal do movimento dos seus estabelecimentos).
A estátua ao Papa Paulo VI foi apeada e vai ser recolocada no pedestal que se vê no lado esquerdo da foto. Naqele preciso momento, na Sexta-Feira passada, procedia-se a retoques de restauro e conservação. Vêm-se em plena produção duas técnicas especialistas do Departamento de Conservação e Restauro da Fauldade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.
Muito sumariamente passo a narrar a história daquela estátua:

O Papa Paulo VI estava a entrar no centro da cidade de Leiria, vindo da Base Aérea de Monte Real, em 13 de Maio de 1967, a caminho do Santuário de Fátima, para participar nas cerimónias religiosas que solenizaram o cinquentenário das Aparições da Virgem Maria. Era a primeira vez que uma Nação Europeia recebia a visita do Chefe temporal da Igreja Católica.

(Foto de Março de 1969: o próprio asn em frente à estátua...)
A Câmara Municipal de Leiria resolveu erigir um monumento a PAULO VI, para que os vindouros pudessem recordar a sua passagem por Leiria, em peregrinação a Fátima.
O Escultor encarregado desta obra foi o leiriense João Charters de Almeida e Silva, professor da então Escola Superior de Belas Artes do Porto.
Foi inaugurada em 8 de Dezembro de 1968.
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As fotos a preto e branco foram tiradas com uma Kodak - Retina S1

2006/11/10

No dia de S. Martinho vai à adega e prova o vinho

Dioniso
Pintura de Caravaggio, final do séc. XVI
Galeria Uffizi - Florença - Itália

O ditado é português e a tradição bem portuguesa também. Aliás, tradição que não se estende só ao S. Martinho, mas a todo o ano. Faz parte da arte de bem receber do nosso povo o convite para entrar na adega e provar o bom vinho de cada um. Normalmente acompanhado por um bom chouriço ou presunto caseiros. Tradição agradável, simpática e, porque não dizê-lo, bem saborosa também. Mas cuidado com as provas…
A propósito lembrei-me da lenda do vinho, uma mistura remota da mitologia grega com muito imaginário popular.
Dioniso, deus grego do vinho (correspondente a Baco, o deus romano) numa das suas muitas viagens reparou numa planta que não havia na sua terra – a videira. Então resolveu levar algumas sementes quando pensou em regressar a casa. Como não tivesse onde as transportar, lembrou-se de o fazer dentro de um osso de galo. E começou a sua caminhada de volta a casa. Mas as sementes germinaram e não cabiam no osso de galo. Então Dioniso passou as plantinhas para um osso de leão. Prosseguiu viagem. Mas as plantas continuaram a desenvolver-se e não cabendo dentro do osso de leão foram passadas para um osso de burro.
E aí está a explicação: se se bebe um pouco de vinho, fica-se alegre e canta-se como o galo; se se bebe um pouco mais, mas dentro dos limites, fica-se forte como o leão; mas se se abusa, oh, então fica-se estúpido como o burro!
(Composição integral de Zaida Nunes)

2006/11/09

O Funcionário Público

Então não saiu assomadiço,
terrível, assanhado como um gato,
esse manga d´alpaca timorato,
por tradição tão manso, tão submisso?

- Ah! Vocês não me pagam? Ele é isso?
Vocês supõem que não quebro um prato?!
(Exclamou). Pois vão ver como eu os trato!
E pronto! Nunca mais foi ao serviço.

O triste resultado viu-se em breve;
o abalo em toda a parte foi profundo;
o mal que produziu não se descreve.

Imaginem agora que os secundo.
Se os sonetos suspendo e faço greve
não há que duvidar! Acabou o mundo!

Acácio de Paiva
Insigne poeta Leiriense

(1ª metade do séc. passado...)
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Há dias estivémos na sede do "Rancho Folclórico Rosas do Lena" num Sarau de Poesia e Música e a Zaida, muito naturalmente (Acácio de Paiva era seu tio-avó e os seus poemas foram objecto duma recolha exaustiva em 1988 e publicados em livro pela Câmara Municipal de Leiria) disse este poema, ressalvando que os funcionários públicos lhe desculpassem a ousadia mas, bem vistas as coisas, até se pode concluir que sem funcionários públicos como é que as Instituições do Estado haveriam de funcionar?
É assim que a sociedade está organizada. É assim que teremos de viver!
E mais: quer a Zaida quer eu já fomos funcionários públicos e deixamos de o ser de livre iniciativa.
Não nos esqueçamos, contudo, que o Estado somos TODOS nós!...

2006/11/07

TEMPO DE CASTANHAS ASSADAS


7 e tal da noite. Sim, já é noite. Leiria. Um velho (habitual, de há longos anos) vendedor de castanhas assadas. Em frente ao Centro Comercial "Maringá", no cruzamento da Rua S. Francisco com a Avenida Heróis de Angola. Até ao início das obras de requalificação (no âmbito do Programa Polis "VIVER LEIRIA") do Rossio, frequentava preferencialmente a zona do Jardim Luís de Camões, ali ao pé da "camionagem". Encostei o carro, comprei uma dúzia de castanhas em troca de 1 euro e meio. Acho que fiz um bom negócio. As castanhas eram uma delícia, comi-as em menos de um fósforo, e ainda tive permissão para tirar esta foto, que vos mostro acima.
Que tal o aspecto das castanhas, embrulhadas a preceito, como manda a tradição, num embrulho de papel de jornal ou de revista, tanto faz?

2006/11/04

II Congresso Nacional dos TOC - 10 anos

Numa das intervenções do Prof. Dr. António Lopes de **, este lembrou os congressistas da necessidade de se atribuir aos contabilistas o seu devido e merecido relevo.
E lembrou-nos do que se conta acerca das teorias da "divina proporcionalidade" e das contas da matemática, da geometria e da pintura:

Leonardo da Vinci pintava a sua "Mona Lisa" quando recebeu a visita de Luca Pacioli, seu grande amigo (considerado por todos como o primeiro grande mestre das ciências contábeis, o “pai da contabilidade”).
Pacioli, entretanto, tinha escrito um célebre tratado sobre Contabilidade que se intitula "Suma de Arithmetic Geometria et Proportionalitá " que apareceu em público em 1494. Pacioli tornou-se famoso devido a um capítulo deste livro que tratava sobre contabilidade : “Particulario de computies et Scripturis”. Nesta secção do livro Paccioli foi o primeiro a descrever a contabilidade de dupla entrada, conhecido como método Veneziano ("el modo de Vinegia") ou ainda "método das partidas dobradas", que veio revolucionar a concepção e técnicas de relevação dos factos patrimoniais que afectavam a vida económica das empresas (dos negócios).
Observando o trabalho que estava a ser desenvolvido por da Vinci recomendou-lhe que tivesse na devida conta as proporções da sua pintura, sem o que a obra, depois de acabada, não teria os resultados artísticos desejados.
A verdade é que Leonardo da Vinci seguiu os conselhos do seu amigo Pacioli* e aquela sua pintura ficou célebre para todo o sempre.
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Moral da história:
Os empresários, particularmente os portugueses, só terão a lucrar se derem a devida atenção ao resultado do trabalho dos seus Contabilistas (os actuais TOC) o que, desgraçadamente, nem sempre acontece, nas devidas proporções...
E os resultados têm estado à vista, para mal da nossa Economia e da Nação em que vivemos.

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Luca Pacioli nasceu em Borgo San Sepulcro no ano de 1445 e morreu em 1517. Era conhecido como Lucas de Burgo. Foi frade franciscano e tornou-se, no seu tempo, um famoso Matemático. A família tinha-lhe preparada uma carreira no mundo dos negócios, mas ele preferiu seguir outros caminhos estudando arte, história, literatura e matemática
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(Retrato de Luca Pacioli, conservado na Pinacoteca do Museu de Capodimonte de Nápoles)

Começou a leccionar matemática muito cedo e aos 27 anos tornou-se monge franciscano. Ensinou Matemática, em Roma, Nápoles, Pisa, Veneza até que, em 1496, se fixou em Milão.
Leonardo da Vinci (1452-1519) aperfeiçoou as suas noções de geometria com o seu grande amigo e mestre, Luca Pacioli, conhecimentos estes que lhe vieram a ser muito úteis na pintura da celebérrima La Gioconda, “Mona Lisa”.
Foi precisamente, como já está cientificamente demonstrado, com suporte nas teorias da “divina proporcionalidade”, de Pacioli, que Leonardo da Vinci concebeu aquela imortal pintura. Nela utilizou o conceito geométrico da harmonia do coeficiente médio 1,414, que resulta da noção de proporção no sentido de uma “divina” identidade de razões.
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É da máxima justiça detacar, nesta oportunidade, uma referência biográfica, ao Professor Doutor António Lopes de Sá, sem esquecer, contudo, o igualmente Professor Doutor Rogério Fernandes Ferreira, "verdadeiros ícones da Contabilidade, não só nos países que elegeram para viver, Brasil e Portugal, mas também para além das fronteiras naturais destas nações, construíram com árduo trabalho, estudo e invesigação a credibilidade que hoje merecidamente lhes é reconhecida, não só por aqueles que fizeram da Contabilidade, Gestão e Fiscalidade o seu modo de vida, mas também da sociedade em geral.", conforme escreve no Prefácio do livro "Separados pelo Atlântico - Unidos pela Contabilidade", o Presidente da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, Dr. António Domingues de Azevedo.

Este livro, de co-autoria destes dois Professores, foi oferecido aos participantes no Congresso. A capa do livro e as duas biografias podem ser consultadas nos links imediatamente atrás referenciados.


2006/11/03

Um livro sobre ARTUR AGOSTINHO

http://folhetoedicoesdesign.blogspot.com/
Livro a ser lançado em Leiria, no próximo dia 16 de Novembro.
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ARTUR AGOSTINHO
O grande comunicador português
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Quem não se lembra da voz inconfundível de Artur Agostinho? Da maneira genial como relatava um desafio de futebol, transportando o ouvinte para o meio do relvado? O seu goooooooooolo fez história e ainda hoje e amanhã será infinitamente copiado. E a Volta a Portugal em bicicleta onde Artur Agostinho fazia vibrar todo o país acompanhando a caravana dos ciclistas na célebre corrida?... Ou apresentando Amália Rodrigues nos serões da Emissora Nacional com o seu estilo bem disposto, mas distinto, que marcou uma época. Ouço ainda a sua voz, os seus comentários e as anedotas que ficaram na memória de gerações de portugueses.
O Actor de cinema de “Capas Negras” ou o namorado motorista de Laura Alves em “O Leão da Estrela” imortalizarão a imagem do jovem, que com determinação e talento, conquistou o afecto e a admiração e muito portuguesmente também inveja e ingratidão.

Extracto do prefácio de
Filipe La Féria
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Nota:
Sempre fui um admirador incondicional deste grande comunicador. Até parece que o estou a ouvir, em onda curta, em directo, dos mais variados e longínquos lugares, a transmitir com o seu estilo muito pessoal e impressionante, os relatos de futebol, dos gloriosos tempos do Benfica dos anos 60. Qual televisão qual quê? Ou se ia ver a bola ao vivo ou se ouviam os relatos dos jogos através da rádio, em emissões em directo. Quantas vezes o som não chegava com altos e baixos resultantes das alterações das condições de propagação das ondas hertzianas através do éter.
Quão empolgante nos chegava a voz de Artur Agostinho sempe que o Benfica marcava um golo, algures por esse mundo fora. Era ouvi-lo: Golo! Goooooooooooooooooooooooolo do Benfica... Goooooooooooolo de Eusébio! Espectacular remate de Eusébio após uma série mirambolante de dribles do "Pantera Negra". Quanto desconsolo nos era comunicado pelo seu tom de voz, alguns segundos após o Benfica sofrer qualquer golo!...Golo!...golo de ...
Claro, também relatava os jogos do Sporting, do Porto e de outros...
Quando chegou a Televisão também tivémos ocasião de apreciar os seus excepcionais dotes de comunicador.
Muito mais poderia descrever do que está no álbum das minhas recordações acerca de Artur Agostinho...mas melhor do que eu será, com toda a certeza, a leitura deste livro. Pela ideia do estilo perguntas-respostas, pelo autor, pela Editora e pelas pessoas envolvidas no projecto.
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NOTA 2ª (a desenvolver proximamente...talvez mesmo neste blog):
Decorre, hoje e amanhã, no Pavilhão Atlântico, no Parque das Nações, em Lisboa, o II Congresso dos TOC-Técnicos Oficiais de Contas.
Para já, deixo aqui duas reflexões:
1) Congratulo-me pelo 10º Aniversário da constituição formal desta Câmara/Ordem profissional, a associação profissional com maior número de associados inscritos, perto de 70.000. Ainda que só 33.000 exerçam, de facto, a profissão. Nem será de admirar, de tão ingrata que ela é, e com tanta indefinição/quase incompatibilidade em que os seus membros são obrigados a actuar.
2) Na prática, e sob o ponto de vista jurídico/legal, têm que obedecer a orientações de dois patrões: as empresas, a quem prestam serviços e lhes pagam os honorários e ao Estado, que legisla no sentido de colocar, com demasiada frequência, os TOC em conflito com as empresas, quantas vezes em questões que são da exclusiva competência da Administração Fiscal.

2006/11/01

A tradição já não é o que era...

Dia 1 de Novembro, dia de Todos os Santos.
Recordam-se hoje todos os Santos que não têm dia próprio. Por isso o ser dia Santificado e feriado em todo o mundo católico.
Manda a tradição que também hoje seja o "dia do bolinho" ou "dia do Pão-por-Deus". Mandava a tradição também que grupos de crianças, munidas de sacas feitas de retalhos, se deslocassem de casa em casa a pedir o "bolinho". Com ditos bem engraçados para o pedir, para o agradecer. E outros bem mais "picantes" para quem não dava nada...
Mas a tradição já não é o que era! As crianças andam de saco de plástico, o "bolinho" de preferência deve ser substituído por dinheiro...E como a educação também já não é o que era até a tradicional frase "Oh tia, dá bolinho?" foi substituída só por "Dá bolinho?" (O "tia" fica no saco de plástico...)
E como a tradição já não é o que era, muitos se esquecem que hoje é dia de Todos os Santos e que só amanhã, dia 2 de Novembro, é que será dia de finados. Dia em que, por tradição, se recordam os entes queridos já falecidos.
E a tradição passou a ser o dia 1 de Novembro de "peregrinação" aos cemitérios.
Detesto os nossos cemitérios. São deprimentes! Já que o Homem insiste no culto aos mortos, porquê não transformar aqueles lugares em lindos jardins? Os mortos já nada sentem e os vivos sentir-se-iam muito melhor, física e espiritualmente, para recordar os seus queridos. Afinal a tradição já não é o que era. Ou será?
E porque é tradição, lá me calhou a mim ir ao cemitério, carregada de flores para oferecer a "ninguém" e das minhas recordações que nunca morrerão, seja a tradição o que fôr
Sonho
Sonhei que era uma borboleta
Uma suave e airosa borboleta
E que esvoaçava feliz
Por entre as flores do meu jardim.
E no meu voo
Deixei-me ir mais longe
Juntei o azul das minhas asas
Ao azul do céu sem fim.
Cruzei-me com as andorinhas
Passei as fofas nuvens de algodão
E quando reparei
Eu era eu e não a borboleta.
Então, num halo de luz
Avistei-vos.
Eras tu, Paizinho
Eras tu, querida Avó
Eras tu, Zézinho.
Juntei-me a vós
E juntos, rimos, dançámos
Abraçámo-nos.
Mas, de repente, foi o vazio
Achei-me sozinha…
Já nem borboleta era!
Acordara.
Afinal, tinha sido só um sonho!
E agora acordada, sonho.
Sonho que um dia, na realidade,
Serei borboleta de verdade
E voarei convosco
Para toda a Eternidade.

Zaida

(In "Pedaços de Mim" - Ed Folheto 2005 - col. 25 Poemas-XIII)

(Post produzido na íntegra por Zaida)

2006/10/30

300 Notas dispersas...

Iniciei este blog (blogue) no início do corrente ano de 2006.
A finalizar o mês 10 do actual calendário moderno, eis que atingi o 300º post, ao qual quero dar o devido relevo. E aproveitar este ensejo para tecer umas quantas considerações acerca do uso ( e, muitas vezes, abuso) desta formidável ferramenta da internet.
Este post está a ser escrito como que ao sabor da inspiração do momento. Se alguma coisa consegui, até à data, com esta minha participação no mundo partilhado da blogosfera, tal só foi possível graças a várias circunstâncias:
1) Antes de mais, à minha mulher, a Zaida* pela muita paciência que tem demonstrado face às horas e horas que tenho vindo a despender neste hobby**; e pela sua disponibilidade para colaborar activamente, incluindo alguns casos em que ela própria se dispõe a construir a totalidade do post;
2) Logo em seguida tenho que relevar todos os leitores anónimos que me têm dado o grato prazer de me transmitir a sensação maravilhosa de que ainda há quem gaste parte do seu tempo a tomar conhecimento do que por aqui se vai passando;
3) Inevitavelmente, vêm em pé de igualdade com os antecedentes, todos os/as colegas bloguistas, a maior parte grandes amigos/as, que, muitas vezes sem os/as conhecer pessoalmente, já os/as tenho como tal. E sabe muito bem sentir que há reciprocidade da parte deles/as. Quem sabe um dia destes não nos juntamos numa Tertúlia Bloguística formalmente constituída, com registo e tudo.
Um bem-haja do fundo do coração a todos!
António S Nunes (asn)
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* Tem um blog sobre gatos e toda a ligação deste misterioso animal a todas as Artes, em suma a sua íntima ligação com o Homem. Eu sei que ela não gosta que faça publicidade do seu blogue. Mas a verdade é que tem no gatimanhos um trabalho de muita garra, vida e amor pela Natureza. Aliás, até já o deu por encerrado, apesar das minhas insistências para continuar. Sem resultado.
** É claro que podemos falar em hobby quando nos declaramos amantes da intervenção pública num blogue, só pelo puro prazer de comunicar com o nosso semelhante, abordando temas que são do nosso gosto pessoal.
De qualquer modo não considero que esteja a escrever um mero "Diário", ainda que muitas facetas desta modalidade literária estejam subjacentes ao dia a dia da maior parte dos blogues.
É assim no meu caso...declaro-o!
Partilhar conhecimento e informação em todas as áreas - às quais a minha capacidade de compreensão e espírito crítico e de análise consiga alcançar - é a minha bandeira!

2006/10/28

OUTUBRO


Outubro, 8º mês do antigo calendário romano e o 10º mês do nosso ano civil.
Outubro do ano de 2006 está a acabar.
Outubro”, filme realizado em 1928 por Sergei Eisenstein, um estudo sobre a Revolução Russa de 1917.
(Cena do filme "Outubro")

Eisenstein nasceu em 1898 em Riga, Letónia, e morreu em 1948 em Moscovo.
Realizador cinematográfico, Eisenstein pelo seu vanguardismo técnico, é tido como um dos expoentes máximos da história da 7ª arte.
Além de “Outubro” produziu, entre outros, os filmes “Greve” (1923), “Linha Geral” (1929) e “O Couraçado Potemkin”, em 1925, considerado por muitos, o melhor filme de todos os tempos. Uma das suas sequências tem sido entendida como “os seis minutos de maior influência na história do cinema”.

2006/10/27

O LIVRO e os BITS

Os actuais processos de armazenamento e transmissão do pensamento serão realmente fiáveis?
Quanta da informação que circula hoje na Internet perdurará? Por quanto tempo?
Não será de continuar a preservar a sabedoria humana transmitida de geração em geração, através do livro, muito especialmente quando estivermos na presença de trabalhos acabados (relativamente, que nunca será a mesma coisa que dizermos definitivamente, como bem o sabemos)? Não será o processo tipográfico e/ou os seus sucessores, em papel, a forma mais segura, mais fiável, de reproduzir e gravar a informação disponível num dado momento e que pretendemos torná-la perene?
Estas interrogações poderão parecer muito retrógradas face à evolução impressionante das novas tecnologias da informação, mas serão de facto? Quantas vezes já não fomos confrontados com a perda de fotografias gravadas digitalmente e de que, inesperadamente, apagamos ou perdemos, pura e simplesmente, os correspondentes ficheiros? E outros dados importantes, que estavam armazenados num computador, mesmo com cópia de segurança, quando esta (quantas vezes) também falha? Algum dia iremos conseguir substituir o livro?
Tem sido muito lento o processo evolutivo do livro, começando por constituir não mais que um compêndio de textos escritos (religiosos, leis) e que competiu penosamente durante séculos com as tradições orais, muito mais acessíveis a um maior número de indivíduos.
O livro foi e continua a ser o maior instrumento de progresso humano e provavelmente continuará a ser o mais humano processo de transmitir o pensamento.
O homem está a dar decisivos passos da sua história.
Nesta perspectiva, o livro será irremediavelmente abandonado e substituído pela tecnologia dos bits?
O Futuro quem o pode prever, com rigor?
Eu continuo a ver esse futuro com livros impressos com textos e imagens, que irão proporcionar o processo natural de transmissão do pensamento humano.

2006/10/21

ENCARNAÇÃO

A lembrar-me da minha mãe Encarnação, agora com 82 anos de idade, lá para o Casal de Ribafeita, nas terras graníticas de Viseu
E do casamento da milha filha Inês com o Carlos
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Há dias fui rever o Santuário de N. Sra. da Encarnação, em Leiria.


Diz a lenda que, em 11 de Julho de 1588, uma inválida de nome Susana Dias, foi levada àquela capela, onde iam à missa os Marqueses de Vila Real e muito povo, no altar de N.S. da Encarnação. No momento da Elevação a jovem sentiu-se pressionada por algo indefinível, levantou-se e começou a andar.

Este acontecimento veio renovar a fé em N.ª Sr.ª da Encarnação, o que levaria à construção de uma nova igreja.

É um santuário pequeno, com um corpo revestido a azulejos policromos de padrão seiscentista e pinturas votivas à Virgem e a S. Gabriel, feitos em pedra e colocados sobre a porta principal. No exterior a igreja foi dotada de um alpendre simples.

O bispo D.Fr. Miguel de Bulhões e Sousa mandou construir uma monumental escadaria, de 162 degraus, que lhe dá um aspecto imponente.


A beleza deste santuário é completada pelo diverso arvoredo que existe à sua volta e a vista sobre a cidade que se pode apreciar a partir daqui é uma experiência única.


(texto da lenda conforme site da “Região de Turismo Leiria-Fátima”)

Notas:

1)O Orago de Leiria é precisamente Nª Snra. Da Encarnação, cuja festa anual se celebra a 15 de Agosto.

2) Fotos de asn

2006/10/19

HOMENAGEM AO MÉRITO FOTOGRÁFICO

Isabel Pires de Lima, a actual Ministra da Cultura, visitou o distrito de Leiria, no início da semana passada, tendo encerrado as comemorações do 90º aniversário do Arquivo Distrital e homenageado o fotógrafo José Fabião.
José da Silva Fabião a receber das mãos da Ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, a Medalha de Mérito Cultural.
(Foto digtalizada a partir do semanário "A Região de Leiria" de 13 de Outbro de 2006)
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Nota, a propósito, da Zaida:
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Foi com comoção que li a notícia da homenagem feita pela ministra da Cultura ao Sr. Fabião.
O Sr. José Fabião, de 85 anos de idade, tem sido, ao longo da sua vida, o fotógrafo, por excelência, de Leiria e das suas gentes.
Orgulho-me da amizade que ele sempre me dedicou. Uma forte e sã amizade o ligou também ao meu pai, José Paiva*. Nos seus tempos de juventude, ambos jogaram basket-ball no "Leiria Ginásio Club". E, claro por aquilo que me é dado saber, o sr. Fabião, ao mesmo tempo que prestava o seu contributo à equipa, como jogador, ia tirando as fotos que tão bem ilustram uma época da cidade de Leiria.
Era ele então, na altura, o proprietário da "Fotogafia Liz" ** junto ao Parque na margem direita do rio que atravessa esta cidade.
Esta Medalha de Mérito Cultural não podia ter sido mais bem atribuída!
Parabéns, Sr. Fabião!
Permita-me que lhe dê um forte abraço de muito carinho.
Zaida
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* O Snr. Fabião fez parte da mesa de apresentação do livro sobre o seu amigo Zé (o meu sogro, falecido em 1994). É o último à direita, na primeira fotografia.
** Temos, eu e a Zaida, no nosso espólio, variadíssimas fotografias dos anos 40, com o respectivo carimbo no verso, como era da praxe e do estilo da época. Algumas dessas fotografias bastante utilidade tiveram para nos ajudar a escrever o livro a que faço referência acima. Nele se focam aspectos relevantes duma época, dum homem(José Paiva, grande amigo do Sr. Fabião e a quem se faz a devida e merecida referência) e duma cidade (Leiria).
asn

2006/10/17

Beber um copito faz bem à saúde!

De quando em quando, ouve-se na rádio (o meu meio de comunicação preferido para ouvir e ter companhia, ou não fosse eu radioamador...que se passa comigo?!...agora só escrevo sobre temas com ligações ao radioamadorismo?...) das virtualidades de se beber um copito de vinho (tinto de preferência) à refeição.
Que faz bem à saúde, que é um óptimo anti-oxidante, ajuda à circulação sanguínea e contém na sua composição algumas vitaminas e outros ingredientes necessários ao bom funcionamento do organismo humano.
Os médicos, obviamente, alertam de imediato, para se ter atenção à quantidade desse precioso (para quem o sabe apreciar, claro está) néctar dos deuses! Nada de entusiasmos, acrescenta-se logo, por via dos abusos!
Vem todo este intróito a propósito de livros antigos e de um ilustre médico Viseense (Ribafeita, além de que também é da minha freguesia natal), chamado Samuel Maia, que escreveu, dissertou e trabalhou em vinho, nos princípios do séc. passado. E também do facto de que já ando acometido duma doença, acho que incurável, que é bisbilhotar à procura de livros de edições antigas, repescados em alfarrabistas ou através de contactos fortuitos sobre esta matéria dos livros.
Ofereceram-me, nestes últimos dias, um livro deste meu conterrâneo e aqui estou a apresentar esta faceta do Dr. Samuel Maia.
O livro de capa acima reproduzida, “O Vinho (Propriedades e Aplicações)”, com trinta mil exemplares vendidos na década de trinta, é duplamente interessante: primeiro, porque, para qualquer efeito, é criação de um viseense; e, por último, porque se trata de um trabalho saído da pena de um médico que resume comunicações e pareceres aprovados nos últimos congressos médicos dessa época, não sendo uma artística ode ao vinho proveniente da ressaca de um qualquer paraíso artificial - e que me perdoem os poetas, de que tanto gosto, mas, não obstante o Pro Archia de Cícero, cedo aprendi que os poetas não precisam de ser defendidos!
Samuel Maia, médico-escritor nascido em Viseu, que, tendo conhecido outra visibilidade e uma incontestada representatividade, nomeadamente na década de vinte do século passado, agora é obscuro domínio para o público avulso e até mesmo para os "profissionais da literatura". Contudo, nem sempre assim foi, sinal de que os modismos vão causando fluxos e refluxos do núcleo para as margens e destas para o centro. Em 1929, um artigo no parisiense <Monde> sobre os escritores mais importantes de Portugal prescreve o primado de Eugénio de Castro e de Augusto Gil, seguindo-se-lhes de imediato António Nobre, Aquilino, Samuel Maia Lopes de Mendonça e Ferreira de Castro (FRANÇA: 129). Ou seja, o autor viseense goza então de uma incontestável centralidade.
Samuel Maia, um vulto das nossas letras, nasceu em Ribafeita, Viseu, em 1873 ou 1874?
Samuel Maia, depois de se formar em Medicina pela Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, vê inscrita a sua obra de ficcionista nos antecedentes do neo-realismo, consagrando-se mesmo, ao tempo, com o romance regionalista de sabor aquiliniano Sexo Forte (1917 ou 1919) e com a novela Língua de Prata (1929), obras que, no dizer de António José Saraiva e Óscar Lopes, sobrepujam as restantes.
(Martim Sousa – in “Millenium on line” – Nº 16 de Outubro de 1999 :: texto a azul:: com algumas adaptações)

2006/10/15

RECORDAR é COMUNICAR...



Corria o tempo dos tempos dos anos 80, princípios da década.
Uma das formas mais privilegiadas de comunicar com pessoas de todo o mundo era através das bandas de radioamador, na modalidade de fonia.
De preferência em onda curta, para contactos a longa distância, para países longínquos (hoje estão ao alcance de um clic!...). Quão emocionante era a expectativa no decorrer duma Chamada geral via rádio, na banda dos 20 metros, por exemplo, ao romper da aurora ou ao pôr-do-sol, os momentos privilegiados para conseguir que as comunicações se estabelecessem com países como o Japão, a Austrália, as mil e uma ilhas espalhadas pelo Pacífico, alguns países da Ásia (os que já permitiam alguma abertura dos seus cidadãos com o estrangeiro...), as Américas, enfim.
Com mais ou menos dificuldade, ouvíamos, quando menos esperávamos, uma resposta ao nosso CQ, CQ, CQ de CT1CIR (o meu indicativo ainda hoje), "calling anyone anywhere and listening! Over!..." repetido vezes sem conta quando a propagação dos sinais radioeléctricos não era fácil.
Estabelecido o contacto, trocávamos coordenadas (endereços postais, normalmente o P.O.Box, lembram-se? os apartados postais, que era mais fácil transmitir!...) para escrever-mos para os sítios mais exóticos e obter uma resposta a confirmar que fizémos aquele QSO (conversação via rádio).
O poema acima reproduzido foi a forma como uma radioamadora do Paraguai achou mais interessante para me confirmar o QSO. No verso do postal lá vinham os dados todos:
Indicativo, banda/frequência, Data-hora, sinal de recepção e mais umas palavras de saudação.
Não resisti a esta tentação de voltar a falar dos tempos românticos das comunicações, ante-Internet!
Que saudades!... Claro, os tempos agora são outros. O Mundo deu muitas voltas, muita água passou por debaixo das pontes, a tecnologia deu, entretanto, um Pulo de Gigante!...

JARDIM DO SOLAR DO VISCONDE da BARREIRA


Uma amostra do que é o fantástico jardim do Solar do Visconde da Barreira, concelho de Leiria.
Ainda há tesouros escondidos...
Quer ver mais?...

2006/10/12

ATENÇÃO! Sexta-Feira é dia 13 !!!...


O termo superstição usa-se frequentemente para designar certas crenças, representadas em folclore antigo, alguns costumes e até atitudes semi-religiosas, sem fundamento ou mesmo completamente irracionais.
Ainda hoje se encontram muitas pessoas, se calhar a maioria de nós, que acreditam que determinados dias, gestos, actos, objectos e números (então os números, particularmente o 13!...) podem atrair sortes ou desgraças.

Muito boa gente teme e evita o número 13, rotulado de sinistro as mais das vezes:
- Uma Sexta-Feira que caia em dia 13 nunca deve ser escolhida para a realização de qualquer acto importante;
- Nunca sentar 13 pessoas à mesa.
Esta superstição é associada geralmente à Última Ceia, que reuniu 13 pessoas, entre as quais Judas Iscariotes, que atraiçoou Jesus Cristo.
Esta crença, no entanto, ainda será mais antiga que o Cristianismo, remontando à mitologia escandinava; 12 deuses participavam num banquete quando o Espírito da Discórdia – Loki – apareceu e ocasionou uma violenta disputa da qual resultou a morte de Baldur, o Favorito dos Deuses.

Todos nós já ouvimos falar e voltaremos a ouvir, ver e ler nos media da próxima Sexta-Feira, de variadíssimas outras superstições, algumas que nem sequer são associadas ao número 13.

Em jeito de conclusão sempre se poderá dizer que é fácil repelir a superstição como absurda, se se seguirem as ideias do comediante Groucho Marx, que interpretou as inúmeras superstições populares com todo o seu humor.
Por exemplo:
- “À mesa, 13 é sinal de má sorte quando a dona de casa dispõe apenas de 12 costeletas”;
- Reconhecer o número 13 é indício de que se frequentou a escola”;
- Sair da cama pelo lado contrário significa, provavelmente, que se bebeu demasiado na véspera
”.

E assim sucessivamente…

2006/10/10

TERRAS BEIRÃS...De outros tempos



Há dias fui/fomos a Lisboa e perdemo-nos um bom bocado num pequeno alfarrabista na R. das Portas de Sto. Antão. Comprámos alguns livros, de entre os quais este que vos apresento. Editado, "com as devidas licenças" pela Editorial A.O. - Braga, 1996. Quem o escolheu foi a Zaida, por dois motivos: é de poesia e a sua autora é filha de um tal Telles, um nome que ela própria também tem. Coincidências da vida...
Eu acrescento que a autora é natural de Viseu (a minha própria terra natal...), onde nasceu, às abas da Sé, em 13 de Novembro de 1884.
Reproduzi os versos acima a imagná-los como que a voaram no tempo e a fazerem-se presentes neste nosso Presente que estamos a viver e que temos o dever de ultrapassar para deixarmos de legado aos nossos filhos um Futuro mais risonho... Ámen.